Diretores de Logan e Guardiões da Galáxia desabafaram sobre como a nova onda de radicalismo entre essas pessoas anda tirando um pouco da graça de se fazer filmes
A cultura do fanom tóxico não é novidade, mas tem sido bastante debatida recentemente — e ainda bem, porque tamos falando de algo que é BEM perigoso. Aqui no JUDAO.com.br nós já falamos sobre as consequências dessa postura para alguns atores, como Kelly Marie Tran abandonando seu Instagram ou os problemas que teve Ahmed Best após sofrer tanto ódio por Jar Jar Binks.
Como parte desta discussão, existe um outro ponto, que é esta cultura do PÂNICO de receber spoilers (ouça AQUI nosso episódio do ASTERISCO sobre isso!), que faz os fãs entraram numa piração absolutamente desnecessária. Pessoas da própria indústria, aliás, alimentam este discurso, como os Irmãos Russo, que fizeram aquela baboseira de #ThanosDemandsYourSilence na época de lançamento de Vingadores: Guerra Infinita, chegando ao CÚMULO de pedir pra que a galera não usasse a internet até assistir ao filme. E aí, pronto. Todo produtor de conteúdo precisa REBOLAR pra fazer resenhas e comentar sobre obras sem deixar escapar NADA do enredo. E a caça aos spoilers faz com que uma verdadeira horda se mobilize, atacando quem não seguir a ordem geral.
Recentemente, no entanto, James Gunn resolveu ir na contramão dos seus colegas da Marvel. O diretor e roteirista de Guardiões da Galáxia comentou sobre esse pavor todo em seu Twitter. “Se um filme pode ser arruinado por spoilers, não é um bom filme”, disse. E seguiu: “Não sou a favor de estragar nada, mas estudos mostram que saber spoilers afeta pouquíssimo o entusiasmo do espectador, quando muito (e por vezes aumentam a satisfação em ver algo bem feito)”. Depois, mandou o link para o estudo ao qual se referiu, que foi realizado por estudantes da Universidade da Califórnia.
O roteirista Brian Koppelman REFUTOU esta opinião, falando “imagine assistir Os Suspeitos pela primeira vez sabendo o que acontece. Ou saber que a família de Sofie estava escondida embaixo do piso antes de ver Bastardos [Inglórios]. Algo artístico seria reduzido”. E Gunn então respondeu maravilhosamente: “Eu não quero saber spoilers. Quero dizer que nenhum desses longas teria sido arruinado caso eu soubesse”.
Nenhum filme seria arruinado e, bom, ninguém precisaria ser perseguido por causa disso, né. ;)
E nessa onda, em relação a fãs nocivos, quem se pronunciou também foi James Mangold, que dirigiu filmes como Wolverine: Imortal e Logan. Sim, ambos adaptações de quadrinhos — e que têm lá sua própria base de fãs fiéis e um tanto fora de controle. Logo, ele tem bastante propriedade para opinar sobre tudo que andou rolando com Star Wars.
“Estamos num momento em que escrever e dirigir grandes franquias resulta em uma carga emocional equivalente a escrever um novo capítulo da Bíblia (inclusive com o perigo de ser apedrejado e chamado de blasfemo) e muitas mentes ousadas vão deixar esses filmes nas mãos de corporações e mercenários”, disse ele, também no Twitter.
O cineasta afirmou ainda que não existe nenhuma justificativa para qualquer tipo de reação exacerbada. “Eu entendo. Para muitos, inclusive para mim, Star Wars tem um poder espiritual muito grande, muito similar a algo religioso. Mas precisamos tentar lidar com nossos desapontamentos do jeito que Yoda faria, não como Darth”.
Esses comentários e conversas mostram algo um pouco preocupante: para alguns, tá ficando chato fazer cinema. Fãs obcecados acabam criando um certo receio em alguns produtores em serem criativos ou modernos com narrativas consolidadas. Todo esse chilique serve para “preservar a essência” de uma história OU o que eles acham que seja a essência. E, no final das contas, isso só serve para acabar com a diversão de todo mundo.
É aquilo, né? Tem que acabar o fã. ¯\_(ツ)_/¯