O vídeo do filme da primeira família da Marvel é de encher os olhos. Isso pode parecer uma coisa boa. Mas só isso assim, isoladamente, não, NÃO é.
Foram meses e mais meses do mais puro silêncio. Nem uma foto das filmagens vazou – dava a impressão de estava tudo sendo gravado num bunker e com um esquema de segurança máxima, porque, vamos ser honestos, ninguém com um celular conseguiu um clique sequer, um vídeo gravado às escuras? Estranho, estranho demais. Enfim.
Nesta terça-feira (27), depois de uma série de especulações e informações desencontradas, de muita chiadeira dos fãs nas redes sociais, de “ó-meu-Deus-eles-vão-destruir-meus-personagens-favoritos”, tome, a Fox revela o primeiro teaser trailer do novo filme do Quarteto Fantástico.
Um trailer lindíssimo, bem produzido, que não tem qualquer resquício de uma suposta tosquice que muita gente vinha esperando. Superprodução mesmo. Neste ponto, senhoras e senhores, dou meu braço a torcer pra Fox. Clap, clap.
Trailer LEGENDADO do novo filme do QUARTETO FANTÁSTICO! https://t.co/4bZPhoB2kP
— JUDÃO News! (@JUDAONews) January 27, 2015
Mas (é, vocês imaginavam que rolaria um “mas” aqui, não é?)... será que só isso basta? Eu respondo: definitivamente não. Depois de tanta expectativa, a sensação que deixa esta primeira peça promocional de um filme mantido em segredo absoluto até então é de “beleza vazia”. Lindo. Mas simplesmente não diz a que veio. E depois de tanto tempo de silêncio, de tantos questionamentos, a Fox precisava marcar presença, precisava causar algum tipo de impacto, precisava ser um evento. Precisava ter aproveitado a chance para chegar dando uma voadora na boca dos críticos. Não deu. Alguns comemoraram. Outros se declararam ainda mais com o pé atrás. E ficou tudo por isso mesmo.
O que o vídeo mostra, a princípio, é um grupo de exploradores, de “astronautas”, absolutamente genéricos. Poderiam ser quaisquer Jack, Lisa, Tony e Alfred. A ambientação mais soturna e sombria, quase dramática, lembra uma série de filmes contemporâneos como Prometeus ou Interestelar. Faltou mais personalidade, faltou ser mais Quarteto Fantástico, faltou ser mais Reed, Sue, Johnny e Ben.
Não, não precisava ter clima de filme de super-herói – até porque super-herói não é gênero (o segundo Capitão América, por exemplo, é muito mais um filme de espionagem do que qualquer outra coisa). Mas ficou carrancudo demais, podia ter um tantinho da leveza da família heroica criada por Stan Lee e Jack Kirby, dos relacionamentos interpessoais que tornam únicos estes moradores do Edifício Baxter. Nada deste papo chato de “tem que ser igual aos gibis”, longe de mim, cruzes. Mas precisa, no mínimo, ter o espírito da coisa.
Como era de se esperar, a origem dos personagens vai mesmo beber na fonte da versão Ultimate. Rolam uns flashbacks da infância do menino-gênio Reed Richards (Miles Teller, que eu sempre defendi como uma escolha acertadíssima) que, anos depois, adentra maravilhado as instalações científicas do Baxter. Sue Storm (Kate Mara) é uma jovem cientista compenetrada, que rivaliza em intelecto com o recém-chegado. Johnny Storm (Michael B.Jordan) parece mais preocupado com o carrão do que com os interesses acadêmicos do paizão e da irmã. E Ben Grimm (Jamie Bell) é um ex-astro dos esportes universitários, bonitão e popular.
Os quatro serão cobaias de uma experiência de deslocamento dimensional – sim, a grande diferença está aí. Porque, diferente da versão original de 1961, o Quarteto Ultimate ganha seus poderes depois de uma visita...à Zona Negativa. Nada de espaço e raios cósmicos para este quarteto aqui.
Aliás, não apenas o Quarteto, né. Porque no trailer fica claro que teremos CINCO tripulantes. Por mais que ele não apareça em nenhum momento do trailer (embora a voz do final, da pessoa deitada na maca, muito provavelmente seja dele), a gente já supõe que esta pessoa extra seja Victor Domashev (Toby Kebbell), a versão cinematográfica do Doutor Destino. Lembra daquela parada do Destino blogueiro, que usa “Doom” como nickname? Pois é, ele mesmo. Se o Doutor Destino da versão Ultimate é o principal calcanhar de Aquiles desta série de HQs, os caras conseguiram tornar a coisa ainda pior. Mas prometo que não vou julgar este aspecto AINDA.
O fato é que este trailer leva a crer que a Zona Negativa deve ser ponto central na história. Quando o Doutor Storm, narrador da parada, diz “Mas cada nova descoberta traz riscos, exige sacrifícios e há consequências”, com toda a certeza está se referindo à missão para o universo paralelo de antimatéria. Em busca de respostas, muito possivelmente eles devem encontrar uma força, uma energia que deve libertar um inimigo monstruoso, ancestral, alguém que o próprio Destino usaria contra o nosso planeta para tentar dominá-lo.
Na última cena do trailer, quando os quatro estão de costas, alinhados, observando alguma coisa ser tragada por um feixe de energia que jorra do chão, vocês conseguem identificar o que é? Talvez aquele avião que aparece ao longo do trailer? Ou talvez uma criatura com asas? Talvez um tal de...Aniquilador? :) O temido governante da Zona Negativa? Isso ia ser incrível, confesso. Meu lado fã fica empolgado só de teorizar isso. :D
Outra coisa a se destacar aqui é o visual do Coisa. Dá para ver bem pouco, na real: uma espécie de “casulo” de pedra sendo quebrado por algo monstruoso que sai lá de dentro – possivelmente, depois que eles pousam na Zona Negativa – e depois uma silhueta do sujeito, de costas. Mas já dá pra perceber que ele está bem grandalhão e com uma consistência de pedra mesmo, diferente do baixinho atarracado com jeito de chiclete mastigado que pudemos ver nos dois filmes (questionáveis) de Tim Story.
E pelado, claro.
Pouco se viu ainda dos uniformes, para ser honesto. E não dá para afirmar, com toda a certeza do mundo, que as roupas de viagem exploratória dos caras serão de fato as roupas que eles vão usar ao longo do filme. Se forem, conforme sugeriram os mais afoitos ao verem a imagem de Michael B. Jordan no set de filmagem poucas horas antes do trailer ser oficialmente divulgado, vai ser uma cagada imensa. Não, Josh Trank, ninguém está dizendo que você precisa usar roupas azuis colantes mas, diabos, larga mão deste medinho dos uniformes coloridos? Você não é o Bryan Singer, que precisa obrigatoriamente vestir todo e qualquer mutante com uma roupa de couro preto.
E mais: a ideia dos uniformes de moléculas instáveis criados por Reed é perfeita pra justificar uma roupa que não queima quando o Tocha Humana pega fogo, que não deforma quando o borrachão estica o corpo, que fica invisível junto com o corpinho da Dona Sue...
Sei que ainda tem muito para se ver. Sei que deve vir mais coisa por aí. Mas o lance é que eu gosto, de verdade, do Josh Trank. E é principalmente por causa dele que dou créditos adiantados a este filme. Mesmo com a tragédia anunciada que parece ser o plano deles para o Doutor Destino, meu vilão de quadrinhos favorito.
Trank me mostrou um trailer bonito. Agora estou esperando que ele me mostre um trailer surpreendente. Ou, me perdoem o trocadilho ridículo, “fantástico”. Vai, meu chapa. Eu sei que você consegue.