No entanto, vejam vocês, a ficção científica de horror com Kristen Stewart diverte o suficiente para te fazer sair do cinema feliz. E tem vezes que isso é o suficiente, né?
Depois de mergulhar de cabeça (aqui os trocadilhos começam na primeira frase!) em uma série de filmes independentes, Kristen Stewart parece estar querendo continuar seu caminho experimentando os mais diferentes gêneros. Depois da comédia de ação As Panteras, a atriz agora protagoniza Ameaça Profunda, uma ficção científica de terror que poderia passar despercebida pelo público se não fosse o nome da própria atriz impresso nos pôsteres.
Ameaça Profunda se foca em uma jovem chamada Norah, com sua rotina diária em uma estação subterrânea que busca petróleo no fundo no mar. Subitamente, um acidente gigantesco deixa a estrutura quase inteiramente destruída. Resta à Norah (no caso, a Kristen mesmo) e ao seu pequeno grupo sobrevivente (Vincent Cassel, Jessica Henwick, John Gallagher Jr., Mamoudou Athie, Gunner Wright e TJ Miller) a missão de ultrapassar corredores escuros, ambientes inundados e literalmente andar no fundo do mar para voltar à superfície. Além, claro, de lidar com uma ameaça desconhecida que parece ter sido liberada de algum lugar.
Como qualquer ficção científica de terror protagonizada por uma mulher, Ameaça Profunda parece um primo distante (neste caso, marítimo) de Alien, O Oitavo Passageiro. Não apenas pela sua temática “mulher fugindo de uma ameaça desconhecida em um ambiente inóspito”, mas também pelas pequenas homenagens visuais que o filme faz ao clássico de Ridley Scott. Entretanto, diferente do homenageado, o filme dirigido por William Eubank não é necessariamente um clássico do cinema.
Ameaça Profunda entrega alguns momentos verdadeiramente claustrofóbicos que vão incomodar quem tem aflição de ambientes apertados. Em uma corrida pela sobrevivência, os personagens estão constantemente se locomovendo para chegar a um ponto seguro — e justamente sem essa movimentação, o longa poderia facilmente se tornar monótono e suas falhas incomodariam mais. Afinal, os roteiristas Brian Duffield e Adam Cozad não tiveram qualquer preocupação em se aprofundar na história dos personagens ou até mesmo escrever diálogos complexos. Tudo o que você vê no trailer de Ameaça Profunda é o que você recebe.
Oferecendo apenas pouquíssimas possibilidades de reflexão sobre isolamento e perda, Ameaça Profunda não nos faz pensar muito sobre isso. Existem muitas outras histórias que podem nos entregar reflexões mais profundas sobre esses assuntos, mas ESSA não é um delas. E tudo bem.
Segundo disse Stewart em entrevistas de divulgação do filme, a produção optou por efeitos mais práticos e não colocou todas as cenas nas mãos do time de efeitos visuais. Talvez por isso os melhores momentos sejam esses em que os personagens passam por ambientes enclausurados correndo contra o tempo – ou fugindo da tal ameaça desconhecida. Essas situações de antecipação para o susto prendem a atenção e são construídas de uma forma simples e funcional.
Mas, quando o clímax finalmente chega e conhecemos o inimigo, essa tensão se esvai rapidamente. O grande trunfo da história era o desconhecido e a antecipação criada a partir disso; o ato de conhecer o oponente gera um espanto muito breve. De maneira inteligente, Ameaça Profunda termina logo depois disso e não arrasta demais esse confronto final, o que, novamente, tornaria suas falhas mais visíveis.
No saldo geral, Ameaça Profunda está longe de ser memorável, mas digamos que até te diverte o suficiente para fazer sair do cinema feliz. E tem momentos, como sabemos, em que isso é o suficiente.