Uma era da Arlequina chega ao fim | JUDAO.com.br

Jimmy Palmiotti e Amanda Conner deixam a revista da personagem na edição #34

A Arlequina já era, sim, um sucesso. Surgida na série animada do Batman dos anos 1990, a anti-heroína e/ou vilã (dependendo de como você olha) foi crescendo aos poucos em popularidade. Quando a DC promoveu o grande reboot de 2011, já era bem claro que ela deveria ter um lugar de destaque – e assim foi nas páginas da revista do Esquadrão Suicida. Mas parecia que, de alguma forma, estava faltando algo. E realmente estava.

Foi só no final de 2013 que a editora resolveu publicar um gibi solo da personagem – o segundo dela, mas o primeiro pós-reboot. Para cuidar da Arlequina, a editora chamou Jimmy Palmiotti e Amanda Conner, que tinham acabado de se casar, para serem os roteiristas – e é aí que veio o verdadeiro ponto de virada da personagem.

Os dois já chegaram chegando logo no número 0, em uma história cheia de metalinguagem e que tinha, veja só, os próprios Jimmy e Amanda como coprotagonistas – é que a PRÓPRIA Arlequina foi atrás deles para que cuidassem da revista. Diversos outros quadrinistas participaram daquela brincadeira, fazendo de Harley Quinn #0 um dos mais inesperados sucessos da DC nos últimos anos. Com uma primeira tiragem baixa e bastante procura, o gibi chegou a ser vendido com um belo ÁGIO no eBay. Aliás, a publicação é, até hoje, um exemplar de colecionador.

Com um humor diferente (trazendo aquele quê de Deadpool) e uma protagonista feminina com uma identificação maior com as leitoras, a Arlequina explodiu de vez. Poucos meses depois, na San Diego Comic-Con de 2014, os cosplays da personagem da DC pareciam ter superado, em número, as clássicas Leias do evento. Isso fez até a editora se movimentar, convocando todas elas para um encontro especial no booth da empresa.

Foi no final daquele mesmo ano que a produção do filme do Esquadrão Suicida começou a engrenar, com escalação do elenco e a confirmação da Arlequina na equipe. É óbvio que o filme, que estreou em 2016, ampliou muito mais o público da personagem – mas uma parte dessa galera correu pros gibis e foi ler a versão de Palmiotti e Amanda, que se tornou pra muita gente a definitiva naquela mídia.

Para você ter uma ideia, Harley Quinn, o gibi, foi um dos únicos da DC que passou sem grandes alterações no recente Renascimento, o relançamento da editora, promovido há um ano. A dupla criativa continuou a mesma, com o casal como roteirista e Amanda na arte das capas, e o novo Harley Quinn #1 chegou perto dos 400 mil exemplares. Um resultado extraordinário. O gibi também passou a sair duas vezes por mês, algo reservado a medalhões como Batman e Mulher-Maravilha.

Tudo isso, de alguma forma, chegará ao fim em 20 de dezembro. Jimmy Palmiotti e Amanda Connor anunciaram que deixam a revista na edição 34, a ser publicada neste dia. “Nós apenas sentimos que era o momento de dar um tempo, dar um passo atrás, sair em lua-de-mel, talvez gastar o dinheiro que fizemos um com o outro para conhecer um ao outro”, disse o Palmiotti para o Washington Post. Ao jornal, Amanda também contou que, agora, terá mais tempo para fazer aquilo que mais gosta: desenhar, já que não sobrava tanto tempo pra isso enquanto cuidava dos roteiros ao lado do marido. “Desenhar interiores é a minha preferência. Eu amo muito isso”, disse ela.

A partir de Harley Quinn #35, os roteiros vão ficar a cargo de Frank Tieri, com Inaki Miranda na arte. Tieri tem uma longa carreira nos quadrinhos e já vinha cuidando do spin-off Harley Quinn and Her Gang of Harleys ao lado do Palmiotti, mas não deixa de ser triste a substituição de uma coroteirista mulher por... um homem. :/