Bang, o novo single, é bem produzido e tem um clipe realmente interessante. Mas se ela quiser mesmo ser essa ~diva pop Brasileira, vai precisar de mais
Me gusta Anitta. Penso, de verdade, que ela é uma pessoa interessante, divertida, com quem eu adoraria jogar Imagem & Ação, por exemplo. E, ainda por cima, concordo que ela seja o grande nome desse gênero musical chamado de pop, no Brasil. Ivete Sangalo é a nossa maior popstar, isso ninguém discute. Mas a Anitta ocupa um espaço, por aqui, que Britney Spears, Christina Aguilera, Beyoncé, Katy Perry, Lady Gaga e outras ocupa(ra)m lá fora.
(E que a Wanessa tenta ocupar, absolutamente sem sucesso ou carisma nenhum.)
Ou melhor dizendo... Ela chega perto. Entra com MALA E CUIA no tal do espaço, SENTA NA JANELINHA, faz o que bem entende... Mas deixa a porta aberta, a corrente de vento fica toda hora jogando QUINQUILHARIAS pra fora, e aí toca ela ir lá pegar, colocar no lugar... Ad eternum. Por quê?
Vai lá e pega as letras dos maiores sucessos dela. Começa com Show das Poderosas, passa por Meiga e Abusada, Zen, Cobertor, Na Batida, Deixa ele Sofrer e chega agora em Bang, o mais recente single que, com uma campanha no Twitter, acabou ganhando mais relevância do que se esperava (ou mesmo do que algumas pessoas gostaria que tivesse). Muitíssimo bem produzido, com um clipe REALMENTE interessante — incluindo uma direção de arte de Giovanni Bianco, ítalo-brasileiro responsável pela concepção visual dos CDs e turnês da MADONNA pelos últimos 10 anos –, a letra é essencialmente a mesma de todas essas outras CANÇÃS.
Ela é foda, azar seu, não bata de frente, ela se garante, mas você pode aproveitar se fizer tudo direitinho, etc. Qualquer uma das gringas que eu citei lá em cima já falou sobre isso, claro (All the single ladies!). Mas também já cantaram sobre as transições que passamos na vida, sobre pessoas importantes, festas, sexo, amorzinho, umas auto-ajudas, enfim. Uma variação um pouco mais REAL de assuntos.
Talvez seja essa a COISA da Anitta. Falar disso porque é o que ela gosta, porque é o que o público dela curte. Pode ser até cultural — volta no tempo e ouve o que a Kelly Key dizia. Não há nada de errado nisso, mesmo. Meu problema aqui não é esse. Mas enquanto você vê Ryan Adams fazendo um álbum de covers da Taylor Swift e John Mayer elogiando loucamente o álbum experimental da Miley Cyrus no Twitter, o máximo que se vê por aqui é aquela panela global das “manas” Preta Gil, Fernanda Paes Leme, Paulo Gustavo e Cia, comentando a LACRAÇÃO e essas coisas que vocês jovens dizem.
Em entrevista à revista Vogue, Anitta disse que queria um clipe que “um novo passo na carreira, uma repaginada”. Visualmente ela conseguiu. Mas precisa de mais.
Você não só PODE mais, Anitta, como consegue — e tem tudo pra isso. GO FOR IT.