A Hollywood do Cinema é um pouco chata demais, depois de um tempo. Por sorte, Los Angeles é mais que isso. :)
Durante uns 40 dias, entre Abril e Maio de 2014, eu abandonei o JUDÃO e saí viajando pelo Mundo. Doeu no coração, mas era uma daquelas oportunidades de vida — profissional e pessoal — que surgem uma vez a cada trinta anos ou menos. Fui pra Argentina, EUA, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Qatar, Hong Kong, Austrália e Chile e, agora, vou tentar dividir com vocês um pouco de tudo o que conheci, ouvi, vi e senti — tirando essa maldita dor no joelho que me acompanha até agora. :D
A segunda parada foi em Los Angeles.
Não interessa em qual canto da cidade você está: sempre, sempre, SEMPRE você vai encontrar alguém com alguma relação com a indústria do entretenimento. Seja lá quem for, seja lá onde for. Mesmo quem só visita Los Angeles de passagem, de férias, tá lá por conta disso. Ou mesmo quem vai fazer alguma viagem a trabalho por lá. É, sinceramente, um pouco chato demais, depois da, sei lá, oitava vez que você pousa no LAX e vai pra um hotel oitocentas estrelas e tem de lidar com egos, embargos, issos e aquilos.
Uma vez, num bar, uma garçonete me entregou um papelzinho com o nome dela, pra eu entrar no site do lugar e dizer que fui bem atendido e coisas assim. Óbvio que eu acabei jogando o nome da menina no Google e lá estava ela em vários sites procurando emprego como atriz. Sabe a Penny? Meio isso.
Claro que é divertido, sim, pisar exatamente nos mesmos lugares em que vencedores do Oscar pisam todos os anos, onde tantos outros famosos inauguraram suas estrelas na calçada da fama, até mesmo onde um dia se ajoelhou Marilyn Monroe pra deixar sua marca em frente ao Chinese Theatre, o cinema que hospeda a grande maioria das premières de filmes de Hollywood. É legal? É.
Mas o grande lance é que a história dessa cidade não é contada só ali na Hollywood Boulevard – e nem sempre só pelo que você vê entre as tantas placas, pessoas vestidas de personagens tirando fotos com quem passa (e tentando cobrar por isso) e o que dizem naqueles ônibus de dois andares enquanto pessoas olham admiradas pro que é a casa de muita gente, em teoria “famosa”.
Logo no primeiro dia dessa viagem específica, eu percebi que as coisas seriam diferentes quando o taxista, sul-coreano, resolveu cantar. A música do Titanic, Elvis Presley e até mesmo a tal da Amazing Grace. Pra ele não importava se o ritmo era exatamente o mesmo pra todas as músicas ou se as entonações não faziam sentido algum. Ele cantava porque gostava, e realmente acreditava que isso faria com que a sua gorjeta (se você reclama dos “10%” no Brasil, olha, vai lá experimentar as tips e os diferentes tratamentos que te dão!) no final fosse ser maior por isso.
Mais tarde, no meio da Sunset Boulevard, um sujeito passou dançando, fones no ouvido, como se ninguém estivesse olhando. Foi e voltou. E muita gente olhou. Mas o resultado foi talvez surpreendente: todos sorriram.
Saquei que era hora de olhar de maneira diferente praquela cidade.
Foi então que entrei pela primeira vez na tal da Amoeba Music. Vários filmes já usaram a loja como cenário, mas a grande graça dela é a quantidade de coisas que todo e qualquer fã de música (e até filmes!) pode encontrar, de gente conhecida até gente da qual nunca se ouviu falar na vida. Dois andares e muita, muita, MUITA coisa – típico dos EUA, típico de Hollywood.
Também é típico de lá as portas que parecem secretas. Uma preta, com três iniciais pintadas, abriu um caminho para um restaurante mexicano / balada / bar, no qual só se pode ficar 2h na mesa – com ótima música, sensacional decoração e muito Elvis Presley (olha ele aí de novo).
Uma outra porta preta, com uma cobra pintada, nos levou até a famosa Viper Room, que um dia foi do Johnny Depp e tem muitas histórias pra contar — foi na frente do lugar, por exemplo, que River Phoenix morreu. No palco em que grandes bandas do rock mundial já se apresentaram, tocava a banda Cease Fire. Já ouviu falar? Até outro dia eu também não. Mas o som é bem legal. ;)
Além de parar pra ouvir Hollywood um pouco, também deu pra ver as coisas de outra maneira – do alto, e muito perto de todo o universo: o Observatório Griffith não só te permite enxergar o céu todos os dias, como a noite também te deixa enxergar Los Angeles de cima, em silêncio, num lugar lindo – bem perto da famosa placa de Hollywood.
De lá fui encontrar a Bettina, uma amiga que fiz entre tantas viagens pra lá e pra cá. Ela me apresentou o Culver Hotel, bem no meio da simpática Culver City, pertinho dos estúdios da Sony, que um dia foram MGM.
Como, apesar de tudo, o mundo é um ovo, a prima da Bettina, Layla, é concierge no hotel, e contou uma parte da história dele: enquanto filmavam O Mágico de Oz ali perto, o bar sempre recebia os atores do elenco e, principalmente, hospedou as centenas de munchkins, que chegaram a dividir uma cama com outros dois, horizontalmente. :D
Se você por acaso já assistiu a Hotel das Confusões, filme de 1981 com Chevy Chase e Carrie Fisher, já deve conhecer essa história. E o próprio hotel. ;)
Los Angeles é cheia desses lugares. Podia ser só um hotel com gente divertida te servindo bebidas, música ao vivo (até brasileira!), mas uma parte da história da cultura pop se passou por ali. Uma das coisas mais legais que já fiz em Los Angeles.
E recomendo: passe pela Hollywood Boulevard uma vez. Tire todas as fotos possíveis da calçada da fama. Visite o teatro onde rola o Oscar. Se quiser, até pegue o DOUBLE DECK pra passear pelos pontos mais turísticos possíveis da cidade. Mas não gaste mais do que um dia nisso. Los Angeles vale mais a pena assim, se vista por outro ângulo. ;)