Depois de uma sequência de erros grotescos, a DC e a Warner andaram surpreendendo com algumas novas escolhas de produção nos últimos meses. Demorou, mas parece que agora vai. PARECE.
Há algum tempo, a jornalista Rebecca Ford, do Hollywood Reporter, fez uma lista com todas as diretoras que tinham contrato para dirigir filmes com orçamento acima de U$ 100 milhões. Apenas Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha, Ava DuVernay, diretora de Uma Dobra no Tempo e recentemente anunciada em Novos Deuses, Nick Caro, que dirigirá o live action de Mulan, e Anna Boden, diretora de Capitã Marvel, estavam na lista.
Sim: apenas quatro mulheres tinham contrato para dirigir grandes produções.
Recentemente, o mesmo Hollywood Reporter divulgou a negociação da Warner com Cathy Yan para dirigir um filme protagonizado pela Arlequina, protagonizado (e produzido!) por Margot Robbie. O longa será baseado em Aves de Rapina, história centrada em uma equipe de mulheres lançada em 1995 nos quadrinhos, o que pode acabar sendo uma espécie de versão feminina de Esquadrão Suicida.
Christina Hodson é a responsável pelo roteiro, a mesma mina que foi contratada pela Warner para escrever o roteiro do filme solo da Batgirl depois que Joss Whedon deu adeus ao projeto. A ideia da Warner, com isso, é apresentar a Barbara Gordon no filme com outras minas e depois dar seu próprio filme pra ela, mais ou menos como a Marvel fez com o Pantera Negra em Capitão América: Guerra Civil — o que, bem, podemos dizer que funcionou, né?
Yan é uma diretora com apenas quatro filmes no currículo, sendo três curtas-metragens. Dead Pigs, seu primeiro longa, recebeu ótimas críticas na edição deste ano do Festival de Sundance e ganhou o Prêmio do Júri Especial do World Cinema Dramatic pela atuação em conjunto.
Essa escolha mostra como esse ~frescor atingiu de vez a DC, que agora terá também a primeira mulher asiática a dirigir um filme de grande orçamento — o que é gigante e bem significativo, não só para a história do cinema e da cultura pop, como para os rumos que a Warner / DC resolveu tomar depois dos fracassos homéricos do chamado Snyderverse.
Teoricamente, o laço com Zack Snyder só irá até o filme do Aquaman (o único da DC / Warner a estrear em 2018) e o próximo filme da Mulher-Maravilha. Ficou claro para a DC e para o resto do mundo que as ideias do Snyder não funcionaram como pensavam que funcionaria, mas o ponto de ruptura também não está claro.
Talvez o estúdio acredite que a melhor forma de se afastar do passado seja fingir que ele nunca aconteceu. E diversos filmes desse esperançoso futuro da DC entrariam facilmente nessa categoria — sem contar o que já meio que aconteceu com o filme da Liga da Justiça, né?
Das próximas produções, Shazam! é o que mais tem gerado notícias. Não se aprofundaram sobre o filme em si, mas o longa tem contas em mídias sociais e até já rolaram imagens do herói uniformizado. No Brasil, o filme está previsto para 4 de Abril de 2019.
A sequência de Mulher-Maravilha recentemente adicionou Pedro Pascal e Kristen Wiig no elenco, depois de confirmar Jenkins para escrever, dirigir e produzir o filme. A Warner agendou sua estreia para 1º de novembro de 2019 nos EUA.
O filme solo do Flash já sofreu inúmeras reviravoltas logo na sua concepção. Dois diretores largaram o projeto, consequentemente a data de lançamento mudou e a produção foi colocada em segundo plano, até ser intitulado Flashpoint. Depois da confirmação de John Francis Daley e Jonathan Goldstein como diretores, saiu um papo que o filme mudou de título e de enredo. Pelo menos, o projeto parece estar andando nas mãos da dupla.
The Batman fica cada vez mais misterioso com o passar do tempo. Sem novidades, não sabemos se Ben Affleck segue no papel. O que temos de oficial mesmo é a fé em Matt Reeves ao anunciar que continuar envolvido na produção.
O estúdio ainda tem Novos Deuses, dirigido por DuVernay, os filmes solos do Ciborgue e do Deathstroke, Green Lantern Corps, Gladiador Dourado, Black Adam, Liga da Justiça Dark, Nightwing – com Chris McKay confirmado como diretor e Bill Dubuque como roteirista – o filme do Lobo com roteiro do Jason Fuchs (e um possível interesse da Warner em ter Michael Bay na direção...), um longa sobre origem do Coringa dirigido por Todd Phillips e produzido por Martin Scorsese, com Joaquin Phoenix no papel, e o recém anunciado filme do Falcão Negro, escrito, produzido e dirigido por Steven Spielberg.
E ainda tem o desenvolvimento das sequências de Liga da Justiça e Homem de Aço, além de outros com a própria Arlequina, como a sequência de Esquadrão Suicida, escrita e dirigida por Gavin O’Connor, e Gotham City Sirens, dirigido por David Ayer.
Ainda é bem nebuloso como esses filmes vão funcionar dentro do universo da DC, porque não existem informações concretas sobre como cada um deles se encaixaria nisso. Aí entra o exemplo de Gotham City Sirens. Se o filme de Yan e Hodson for mesmo focado em um grupo feminino, onde Aves de Rapina entraria dentro disso?
Teremos outro filme com Arlequina em aventuras em grupo?
Com essas duas produções, parece que a DC está preparando dois filmes parecidos, mesmo se apenas Quinn for uma personagem recorrente em ambos os grupos. Mas, sinceramente, a DC quer explorar a única coisa boa que saiu de Esquadrão Suicida, né?
A DC está se mostrando um agente de mudança ao ampliar seu leque cinematográfico e explorar diversos tipos de diretores e histórias. De convidar uma asiática a dirigir um filme de grande orçamento a ter uma bola de segurança do grande contador de histórias que é Spielberg.
É bom ficar de olho na DC, porque a mudança do estúdio (e, por que não?, de Hollywood) finalmente começou.