Existe uma trinca de HQs do Batman que precisam estar na estante (ou no tablet) de qualquer fã do personagem. Daquelas que definiram época, transformando o Homem-Morcego no que é hoje. Não que sejam as únicas histórias que importam — muito pelo contrário, há muita coisa boa nesses mais de 75 anos do herói. Só que todo o resto é apenas um segundo capítulo, uma continuação sensacional de um livro que vem depois de um começo incrível.

Duas delas já ganharam ótimas adaptações animadas: Batman – Ano Um e O Cavaleiro das Trevas, filmes que fizeram não só jus aos trabalhos originais como também ao ótimo trabalho da DC com animações. Só que ainda faltava a terceira... Batman – A Piada Mortal, que sai em em Julho, e ganhou um novo trailer na última terça (26)

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Pra quem leu a graphic novel, é quase um sonho (ou um PESADELO AMEDRONTADOR por motivos de Coringa) se tornando realidade AND com as vozes de Mark Hamill e Kevin Conroy. O traço é muito fiel ao estilo do artista Brian Bolland, com esse JOKER mais clássico, mais próximo ao estilo dos anos 70 e 80. A adaptação, dirigida por Sam Liu, também se vale da paleta de cores das reedições mais recentes, que foi refeita por Bolland após não aprovar o trabalho extremamente colorido da publicação original, de 1988. Outro detalhe da republicação que o filme mantém é o sumiço do oval amarelo do peito do Homem-Morcego, que era usual nos anos 80. Entre as correções de cores, Bolland deixou de colocar o amarelo e, por isso, o Morcego do Batman tem esse estranho aspecto arredondado, pouco usual nesse esquema “sem oval”.

É uma adaptação fiel até nos “erros”.

Por outro lado, o trailer também entrega que teremos algumas mudanças no roteiro original do Alan Moore. É só reparar no fato de termos a Batgirl em ação, algo que NÃO acontece na graphic novel original. Os produtores já avisaram que a HQ original é muito curta e, por isso, tiveram não que cortar trechos, mas sim adicionar coisas novas. Assim, essas novas partes com a heroína podem ser um sonho ou um flashback, pra encher linguiça, mas aposto que é mais do que isso...

Quando Moore escreveu A Piada Mortal, nunca foi algo pensado pra ser parte da cronologia do Batman. No esquema do que o quadrinista já tinha feito com o Superman em O Que Aconteceu ao Homem do Amanhã, a graphic novel era um tributo à fase clássica do Morcego, da Era de Prata, com um Batman mais velho, uma Batgirl aposentada e referências à personagens que já não faziam parte do Universo DC pós-Crise, como Batmirim e a Batwoman.

Sem nenhum compromisso com o que a editora estava publicando todos os meses, Moore foi lá e fez o Coringa atirar em Barbara Gordon, num plot apenas para atacar James Gordon e mostrar que qualquer um, como o vilão, pode pirar se tivesse um dia ruim – tudo isso contado enquanto a graphic novel remonta a própria origem do Coringa.

Só que, em algum momento, a DC passou a acreditar que aquela história era tão boa que deveria ser parte do cânone. Da noite pro dia, Barbara Gordon ficou paraplégica e deixou de ser a Batgirl, tudo por um recurso até que simplista – que, já nos final dos anos 90, virou exemplo de como personagens femininas perdiam poderes, morriam ou tinham um grande dano físico apenas como escada para heróis masculinos.

Depois de 28 anos, é justo afirmar que Batman: A Piada Mortal veio para corrigir esse erro, ou ao menos tentar. Ter a Batgirl mais participativa na história, atuando e enfrentando o Coringa, talvez explique melhor a cena do tiro e do sequestro dela, indo além de “só quero foder com o comissário”.

Dizem que clássicos não precisam de retoques. Mas esse aqui é uma exceção à regra. E será a versão definitiva pra maior parte das pessoas depois que for lançado...

Batman: A Piada Mortal será lançado em julho.