Fique de olho numa versão cor de rosa do R2-D2 mostrando a simpática face robótica no próximo filme da saga. A história por trás dela vale muito a pena <3
A gente sabe bem que você, eu e todas as milhões de pessoas que vão se amontoar nos cinemas para ver Star Wars: O Despertar da Força no próximo dia 17 estão todas malucas pelo momento em que o adorável droid BB-8 der as caras (?), rolando pra lá e pra cá com mais carisma do que toda uma geração de atores contemporâneos.
Mas dentre os muitos personagens robóticos que vão aparecer no filme, a gente também vai estar de olho em um específico e bastante especial. Que deve aparecer por apenas alguns segundos mas cujo significado vai ser bem mais profundo do que parece. É aquele que lembra uma versão pintada de cor de rosa do R2-D2, batizada pela comunidade de fãs de R2-KT.
KT faz referência direta à menina norte-americana Katie Johnson, natural da Carolina do Sul. Em 2004, seus pais começaram a ficar bastante preocupados com as muitas quedas que a garota sofria, no que parecia uma falta de equilíbrio crônica. Era mais do que isso. Exames revelaram um tumor no cérebro, do tipo inoperável. Katie tinha apenas alguns meses de vida, que deveriam ser aproveitados ao máximo. Uma rasteira na vida de qualquer mãe, qualquer pai.
Algum tempo depois, na igreja que a família costumava frequentar, o pai de Katie, Albin Johnson, teve uma espécie de EPIFANIA: uma das janelas tinha um formato que lembrava muito o R2-D2. Poderia ser só uma piração de fã – afinal, Albin era um apaixonado por Star Wars, fundador do famoso fã-clube 501st Legion, frequentado por especialistas em criar réplicas fiéis das roupas e armaduras usadas nos filmes.
Mas era mais do que isso para Albin: era um sinal que ele deveria criar um robô, como o R2-D2, que pudesse cuidar de Katie durante o período em que ela estivesse de cama, da mesma forma que o pequeno droid barulhento fez com a Princesa Amidala.
Só que este não poderia ser um R2-D2 qualquer. Precisaria ser rosa ao invés de azul, uma homenagem à cor favorita de Katie, conforme sugeriu a irmãzinha Allie. A encomenda foi assumida pelo R2 Builders Club, grupo de malucos viciados em mecatrônica e cujo hobby, claro, é construir robôs inspirados nos droids astromecânicos de Star Wars e que funcionam de verdade (ou quase isso).
O caso é que, por mais craques que eles já sejam hoje em dia na hora de fazer estas máquinas, o processo leva um tempo. E tempo era uma coisa que Katie não tinha. Percebendo que Albin perderia a luta contra o relógio, um dos construtores, Andy Schwartz, tratou de pegar o próprio R2-D2 que fez, pintou de rosa e mandou pra Katie. Era a primeira versão do R2-KT.
Assim que o viu, Katie sorriu e abraçou o robô como se fosse seu melhor amigo. E nos meses que se seguiram, ele foi, porque não saiu de seu lado na cama. Em agosto de 2005, no entanto, Katie partiu.
No ano seguinte, finalmente o R2 Builders Club finalizou o droid, que foi enviado como um presente para Albin. O robô cor de rosa se tornou uma espécie de memorial vivo para homenagear Katie – e, aproveitando a vocação natural da 501st Legion em eventos de caridade, a R2-KT se tornou presença obrigatória, ajudando a fazer o bem e arrecadar ajuda para quem precisava, além de visitar crianças doentes em hospitais. A história se espalhou. E em 2007, a Hasbro chegou a fazer um action figure especial vendido apenas na San Diego Comic-Con.
A homenagem suprema viria a se materializar quando Dave Filoni, diretor da série animada The Clone Wars, foi apresentado à história. Emocionado, ele transformou R2-KT em uma personagem do longa-metragem e que mais tarde daria as caras nos episódios da série, devidamente rebatizada de QT-KT para evitar confusões. Na trama, ela ajudava a jedi de pele azul Aayla Secura – e eram recorrentes seus encontros com R2-D2, nos quais ambos ficavam ~conversando sobre o futuro da galáxia, sobre a república, sobre a guerra pré-Episódio III.
A grande novidade é que, este ano, digamos que a tal homenagem suprema acabou se tornando ainda maior e mais gloriosa, fazendo o pai transbordar de orgulho. Adivinha só quem está ajudando a construir os droids que estão sendo usados em O Despertar da Força? Uma mariola para quem disse “o R2 Builders Club”. E daí foi um pulo até que...
“Mary Franklin (executiva da área de eventos da Lucasfilm) me pediu para levar a ideia até Kathleen Kennedy (presidente da Lucasfilm)”, contou o próprio Albin ao Geeks Speaks. “Depois de ouvir a história de nossa embaixadora cor de rosa da esperança, ela pediu que nós a enviássemos para Londres. Fiz apenas uns pequenos reparos e ela ficou fora por seis meses”.
Embora não possa revelar em que momento veremos R2-KT, o pai de Katie garante que as pessoas da Lucasfilm afirmaram que a cena sobreviveu à ilha de edição e a droid definitivamente vai aparecer.
Sendo bem franco? Albin, meu velho, concordo com você: não temos motivos para duvidar aqui. Tomara que role. Vai ser apenas mais uma prova de todo o carinho com o qual a franquia está sendo tratada – o que inclui aí, claro, a sua fiel tropa de fãs, sendo convocada a participar mais do que nunca (a própria 501st Legion está prestando consultoria sobre os uniformes dos stormtroopers, por exemplo).
Parafraseando aquele velho ditado: neste novo Star Wars, parece que a Força mora mesmo nos detalhes. <3