Sim, ele mesmo, o simbionte alienígena inimigo do Homem-Aranha. Pela Sony. Sem Marvel envolvida. Dizem que a história serve pra ensinar coisas, mas pelo jeito…
Numa dança das cadeiras nas estreias de 2018 que resolveu acontecer na última quinta-feira (17), provocada em partes pelo mais novo adiamento da sequência de Avatar, que estrearia no Natal de 2018 e agora, novamente, ninguém mais sabe quando chega aos cinemas, vários estúdios resolveram REALOCAR suas estreias para as melhores datas possíveis.
Por exemplo, a Warner tirou o Aquaman de 05 de Outubro e o levou lá pra onde estava o filme de James Cameron (o mundo de Entourage endoidaria um pouco se lesse James Cameron e Aquaman na mesma frase), dia 21 de Dezembro — a exata mesma data de estreia do filme animado do Homem-Aranha, que provavelmente só estava lá por IMAGINAR que Avatar jamais estrearia.
Essa poderá ser a primeira vez que Marvel e DC se enfrentam nas bilheterias, ainda que de maneira torta.
Nos lados da Sony, A Garota na Teia de Aranha foi adiado em duas semanas, com estreia prevista agora para o dia 19 de Outubro e, com 05 de Outubro agora sem nenhum blockbuster ou filme do mesmo estúdio pra atrapalhar, resolveu marcar a estreia do filme do Venom.
Sim, do Venom. Aquele sobre o qual ninguém tinha ouvido mais uma única palavra e que podíamos acreditar que estava mortinho da Silva, especialmente depois que a Marvel e a Sony se acertaram.
De acordo com o Hollywood Reporter, ainda não há nenhum diretor escalado, mas a dupla Scott Rosenberg (Alta Fidelidade) e Jeff Pinkner (O Espetacular Homem-Aranha 2) entregou um tratamento de roteiro, sendo que Dante Harper (Alien: Covenant) tinha feito uma primeira versão.
Amy Pascal (aquela) é uma das produtoras, ao lado de Matt Tolmach e... que rufem os tambores... Avi Arad. É, aquele mesmo Arad que deu uma pressionadinha básica para que o vilão aparecesse daquele jeito todo atrapalhado naquela confusão que atende por Homem-Aranha 3. “Acho que colocamos muita coisa no filme... foi uma boa lição para todos nós”, disse ele, em entrevista ao JUDÃO. A gente concorda, tio.
A intenção da Sony, que detém os direitos sobre o Homem-Aranha e, portanto, sobre todo o seu universo de personagens, é criar uma nova franquia com o Venom, uma história que vem desde anos antes do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi, aliás. A New Line Cinema tinha os direitos sobre a adaptação do Venom e o David S. Goyer era o roteirista escalado, com planos de colocar o monstrengo linguarudo para encarar ninguém menos do que o Carnificina.
Já na Sony, antes até de Topher Grace assumir a responsa por aquele papel bomba, Jacob Estes (O Chamado 3) escreveu um primeiro rascunho de roteiro de aventura pro Venom, mas acabou sendo substituído mais tarde pela dupla Paul Wernick e Rhett Reese (Deadpool). Aí, em 2009, Gary Ross, de Jogos Vorazes, chegou a ser contratado para dirigir a bagaça e dar um novo trato no roteiro. Mas, claro, o papo morreu e o projeto também. Até aquele momento. Porque, em 2012, adivinha quem começou a negociar pra dirigir a parada? Josh Trank. Segundo consta, ele quase deu OK. Sabe o que o impediu? A Fox ter vindo com a ideia do sujeito dirigir um tal Quarteto Fantástico...
Corta então pra época de O Espetacular Homem-Aranha 2, quando rolava todo aquele papo de um universo interconectado do aracnídeo, com filme do Sexteto Sinistro, filme protagonizado por uma mina e filme inspirado na juventude da Tia May. O filme do Venom tava à toda ali no meio, com o Alex Kurtzman amarradão na história — rumores apontam seu nome para dirigir essa novo filme, mas... São apenas rumores.
Isso foi, claro, antes da bilheteria merreca e da recepção mixuruca que a segunda incursão de Andrew Garfield como o Cabeça de Teia teve. A Sony voltou pra prancheta, rolou o acordo com a Marvel, Peter Parker foi parar no meio da Guerra Civil e o resto você bem sabe.
Comercialmente, considerando o tanto de grana que este novo Aranha em parceria com a Marvel vai fazer, meter o Venom na jogada poderia ser apenas MAIS UM MONTÃO de dinheiro a caminho, certo? Mas, por outro lado, não é nem um pouco difícil de imaginar um executivo engravatado (ou algum que tenha um nome que comece com A e termine com viarad) levantando a mãozinha durante uma reunião pra dizer “vamos entregar tudo de bandeja pra Marvel? Não, não, é importante que a gente não coloque todos os ovos numa única cesta, vamos guardar este pra gente”.
A grande questão, que a gente mesmo levantou por aqui tem uns dois anos, é QUAL Venom eles vão levar pros cinemas. A aposta mais óbvia seria no Eddie Brock, o jornalista marombeiro, depressivo e fracassado que, puto da vida com o concorrente Peter Parker, se torna o receptáculo perfeito para a criatura que outrora foi o inseparável uniforme negro do Homem-Aranha vindo de um mundo alienígena e acabou sendo rejeitada.
O vilão violento que se torna uma espécie de anti-herói em busca de redenção, talvez querendo abocanhar uma fatia de filmes baseados em HQs com uma pegada mais violenta, como a Fox experimentou (e se deu bem) em Deadpool e Logan pode ser uma boa pedida. Mas, filme protagonizado por vilão nos lembra de Esquadrão Suicida e...
Existe até uma outra versão, no Universo Ultimate, na qual o Venom é um traje simbionte capaz de curar doenças e problemas de ordem física e cujo projeto dá terrivelmente errado. Meio filme de terror, poderia ser uma solução simples e rápida, sem envolver alienígena nenhum na parada. E se, por um acaso, eles preferirem apostar no herói propriamente dito, sempre dá pra pensar numa versão do personagem como aquela do Agente Venom, no qual Flash Thompson, o melhor amigo de Peter Parker, usa seus poderes para o bem como um operativo do governo dos EUA, chegando até a se juntar aos Guardiões da Galáxia e a porra toda.
Recentemente, a Marvel lançou um novo gibi solo do Venom, numa NOVA-VELHA versão do personagem, deixando Thompson de lado e mostrando um hospedeiro totalmente desconhecido – no caso, o soldado-mercenário Lee Price – que tem um quê de mais sanguinário como era o Brock nos primórdios; teve até duas versões femininas do personagem. O cardápio é farto e variado.
Só tem um problema nessa história: nada disso parece uma boa ideia. ¯\_(ツ)_/¯
Vamos ver o que os próximos quase dois anos nos reservam....