Grandes bandas fictícias do cinema | JUDAO.com.br

Elas não são de verdade. Ou, bom, não eram. Até que a Sétima Arte se misturou com a música e fez a sua mágica acontecer.

O cinema vive essencialmente de boas histórias. Isso é fato. Tirando da equação os efeitos especiais milionários e tudo de melhor que o dinheiro hollywoodiano pode comprar, contar uma boa história ainda é a principal missão de um filme. E, claro, o mundo da música também rende ótimas histórias para serem contadas na telona. Que o digam Ray Charles, Johnny Cash, The Doors, Bob Dylan, Ritchie Valens, Wolfgang Amadeus Mozart e mais uma galera de todos os gêneros possíveis e imagináveis.

Agora... e quando tudo gira ao contrário e é o cinema que cria uma história do nada, do zero, 100% ficção, inspirada no universo da música? A possibilidade de surgir um astro fictício, uma banda de mentira, que seja tão legal e que tenha músicas tão sensacionais quanto as que existem de verdade, é muito grande. E, vez por outra, estes músicos podem fazer o caminho inverso e sair do mundo cinematográfico diretamente para as paradas de sucesso do mundo real.

Eis aqui histórias e sons de algumas destas atrações musicais que poderiam muito bem ir parar naquela sua playlist que não é só de trilhas sonoras...

| THE BLUES BROTHERS
Filme: Os Irmãos Cara-de-Pau (1980) e Os Irmãos Cara-de-Pau 2000 (1998)
Gênero musical: Blues/soul/R&B

John Belushi e Dan Aykroyd descobriram o seu tesão mútuo pela música durante um esquete musical com o compositor Howard Shore, lá no Saturday Night Live. Dan tinha um bar de blues que todo o elenco e os convidados da semana frequentavam – e foi lá que ele apresentou o poder do som que é pai do rock para o colega. Começaram a tocar juntos, fazer umas jams, e logo o próprio Shore sugeriu que eles fossem batizados de Blues Brothers. Com uma postura inspirada na dupla Sam & Dave e aquele combo de óculos + chapéu saído diretamente do visual de John Lee Hooker, eles criaram uma atração recorrente na TV.

A parada fez tanto sucesso que se tornaria um disco ao vivo chamado Briefcase Full of Blues (1978), gravado na abertura de uma apresentação de Steve Martin. Dois anos depois, a breve história contada no encarte se tornaria um filme, uma deliciosa aventura musical na qual eles tentam salvar o orfanato de freiras no qual foram criados e que conta com participações do naipe de James Brown, Aretha Franklin e Ray Charles.

Devidamente apresentados ao mainstream, eles então fariam uma série de turnês e lançariam 13 outros álbuns, entre apresentações ao vivo, coletâneas e reinterpretações de clássicos do gênero. Cá entre nós, só esqueça, por gentileza, aquela bobagem chamada The Blues Brothers 2000, gravada depois que Belushi morreu. Vai fazer bem para o seu cérebro.

| THE COMMITMENTS
Filme: The Commitments – Loucos pela Fama (1991)
Gênero musical: Soul/R&B

Os “brancos de alma negra” do filme dirigido pelo ótimo Alan Parker (Coração Satânico), baseado no livro de mesmo nome escrito por Roddy Doyle – que chegou inclusive a fazer o primeiro tratamento da versão para os cinemas.

Outrora um jovem desajustado, Jimmy Rabbitte (Robert Arkins), resolve formar uma banda de soul music/R&B em sua cidade natal, bem na pegada dos medalhões dos anos 60. Mas tem um detalhe: ele vive em Barrytown, uma pequenina cidade ao norte de Dublin — definitivamente, não estamos falando do lugar mais natural do mundo para que este tipo de som floresça. Bastava a adição de Joey “The Lips” Fagan (Johnny Murphy, em um papel que quase foi dos músicos profissionais Van Morrison e Rory Gallagher), um trompetista veterano, para que os shows começassem e o sucesso viesse em doses cavalares.

Com um monte de atores e atrizes desconhecidos e inexperientes, escalados essencialmente por conta de seus dotes musicais, o filme foi um sucesso, vencendo inclusive quatro prêmios BAFTA. Além de lançarem dois discos de trilha sonora, muitos dos atores/músicos do filme continuaram em atividade como banda, fazendo turnês com certa regularidade e tudo mais. No ano 2000, eles chegaram a se reunir para uma série conjunta de shows, sob o nome da banda tributo The Stars from The Commitments.

| SING STREET
Filme: Sing Street (2016)
Gênero musical: Indie rock

Um cara monta uma banda pra impressionar uma garota. Quantas vezes você já não escutou este papo? E é exatamente o que acontece quando Conor Lawlor vai para uma nova escola e conhece Raphina. “Então, tô precisando de uma garota para estrelar o novo clipe da minha banda e...”. Sacou o papo furado?

Estamos na metade dos anos 80, na região sul de Dublin, na Irlanda. Depois de arriscar com alguns covers, o grupo que surgiu do nada ensaiando na sala de casa começa a desenvolver seu próprio estilo. Nascia então o Sing Street, os protagonistas do filme de mesmo nome.

Boa parte das canções originais foram escritas por Gary Clark, mais conhecido como vocalista da banda pop escocesa Danny Wilson – com a ajuda dos irmãos Ken e Carl Papenfus, da banda Relish, e do próprio diretor John Carney. Já a música Go Now é uma composição conjunta de Carney, Glen Hansard (da banda The Frames e do duo The Swell Season, além de ter participado de The Commitments) e Adam Levine (vocalista do Maroon 5, que aqui também canta).

| HARD CORE LOGO
Filme: Hard Core Logo (1996)
Gênero musical: Punk

Mockumentary canadense, na mesma linha de This Is Spinal Tap, só que bem menos engraçado e muito mais triste e sombrio. Dirigido por Bruce McDonald, adaptando o livro de mesmo nome de Noel Baker, o filme pretende retratar o aspecto autodestrutivo do punk e decadência dos roqueiros que envelhecem ao documentar uma outrora popular banda, a tal Hard Core Logo, que tenta engatar uma turnê de reunião depois que seu mentor pessoal é baleado. O reencontro começa em um show beneficente contra o porte de armas generalizado, mas conforme o tempo passa, fica claro que existem traumas entre eles que não podem ser superados. No palco, eles são insuperáveis e quebram tudo, só que não demora até que os quatro lembrem exatamente porque diabos se separaram.

A formação traz o cantor Joe Dick (Hugh Dillon), o arrogante guitarrista Billy Tallent (Callum Keith Rennie), o esquizofrênico baixista John Oxenberger (John Pyper-Ferguson) e o baterista Pipefitter (Bernie Coulson). Músicos proeminentes da cena punk, como Art Bergmann, Joey Shithead e Joey Ramone, fazem participações especiais interpretando a si mesmos.

O filme – que tem como fã declarado ninguém menos do que Quentin Tarantino – teve uma continuação lançada em 2010, mesmo ano em que saiu Trigger, filme sobre o retorno da banda das roqueiras Kat (Molly Parker) e Vic (Tracy Wright) que estava originalmente planejado para ser uma espécie trama paralela de Hard Core Logo.

| HEDWIG AND THE ANGRY INCH
Filme: Hedwig – Rock, Amor e Traição (2001)
Gênero musical: Glam rock

Baseado em uma ópera rock do circuito off Broadway, de autoria de Stephen Trask, o filme independente mostra a trajetória da transexual alemã Hedwig/Hansel Schmidt (John Cameron Mitchell, que também dirige o filme e reprisa o seu papel dos palcos), submetida a uma cirurgia fracassada de mudança de sexo.

Dedicando-se à música, seu grande amor, ela monta uma banda formada por esposas de soldados do exército coreano – enquanto desenvolve um relacionamento com um jovem chamado Tommy. Hedwig se torna sua mentora e principal colaboradora musical, apenas para vê-lo, meses depois, roubar algumas de suas músicas e explodir como cantor, seguindo em frente sem ela.

Enquanto acompanha o sucesso de Tommy Gnosis, em uma turnê com ingressos esgotados, ela forma uma nova banda, a Angry Inch, tocando numa cadeia de restaurantes de frutos do mar e analisando sua vida sob o ponto de vista d’O Banquete, obra de Platão que discute a natureza do amor.

O musical ganharia uma série de montagens ao longo dos anos, encenadas por atores como Neil Patrick Harris e Michael C. Hall. Em 2010, rolaria até uma versão brasileira, com Paulo Vilhena e Pierre Baitelli se dividindo no papel principal e adaptação/direção musical de Evandro Mesquita.

| SPINAL TAP
Filme: Isto é Spinal Tap (1984)
Gênero musical: Heavy metal

Uma banda de mentira que acabou se tornando lendária para os fãs de rock pesado e até virou sinônimo de “grupo de rock fake”. São as estrelas do documentário falso que conta as desventuras daquela que teria sido a banda mais pesada da história (afinal, seus amplificadores chegam até o número 11). A formação conta com o vocalista David St. Hubbins (Michael McKean), o guitarrista Nigel Tufnel (Christopher Guest) e o baixista Derek Smalls (Harry Shearer, que faz as vozes originais de personagens como Mr.Burns e Ned Flanders n’Os Simpsons). Quanto ao baterista, o nome mudava com certa frequência – porque todos os músicos que se candidatavam ao posto sofriam mortes das maneiras surreais.

O bacana é que os três atores tocaram seus próprios instrumentos na real, numa pegada pré-Massacration, o que chegou fazer com que a parada ficasse tão convincente que muita gente acreditava que a banda realmente tinha existido. Mas eles surgiram originalmente em 1979, como uma piada no piloto de um programa de comédia da ABC, chamado TV Show. Chegaram inclusive a fazer turnês reais, tocando até no Festival de Glastonbury, e em 2007 foram atrações do Live Earth ao apresentar uma música inédita, Warmer Than Hell. Lançaram ainda três discos de estúdio, sendo o mais recente, Back From The Dead, de 2009.

| STEEL DRAGON
Filme: Rock Star (2001)
Gênero musical: Heavy metal

Fictícia ou não, uma banda formada por Zakk Wylde (lendário guitarrista do Ozzy e do Black Label Society), Jeff Pilson (baixista do Dokken) e Jason Bonham (baterista, filho de um certo John Bonham) merece ser ouvida.

Eles são os intérpretes do CONJUNTO Steel Dragon, uma clássica banda de metal dos anos 80 que precisa urgentemente substituir seu cantor principal. Onde diabos eles encontram este cara? Simples, na liderança de uma banda tributo do próprio Steel Dragon (Chris Cole, vivido por Mark Wahlberg).

A história é baseada no período em que Tim “Ripper” Owens assumiu o lugar de Rob Halford nos vocais do Judas Priest. Mas, por mais Wahlberg tenha seu passado como cantor (Mark Marky and The Funky Bunch, alguém?), não é ele que canta aqui. Enquanto o gogó poderoso de Jeff Scott Soto (Talisman) dá vida ao cantor original do Steel Dragon, quando Chris entra em cena, quem solta a voz é Miljenko Matijevic (Steelheart).

Até hoje, é possível ouvir Soto cantando Stand Up, hit da banda no filme e composição originalmente escrita por Sammy Hagar, em seus próprios shows.

| STILLWATER
Filme: Quase Famosos (2000)
Gênero musical: Rock clássico

O grupo de rock setentista que o menino William Miller acompanha em turnê para escrever uma história exclusiva para a revista Rolling Stone, emulando a própria carreira do diretor Cameron Crowe como jornalista musical.

Formada pelo guitarrista Russell Hammond (Billy Crudup), pelo vocalista Jeff Bebe (Jason Lee) e ainda por Ed Vallencourt (John Fedevich) e Larry Fellows (Mark Kozelek) e inspirada nitidamente em grupos como Led Zeppelin, Eagles, Allman Brothers, The Who e mesmo o Lynyrd Skynyrd, a banda executou canções no filme (Fever Dog, Love Thing, Love Comes and Goes...) escritas pelo próprio diretor Crowe em parceria com sua esposa à epoca, Nancy Wilson – ela mesma, da banda de verdade chamada Heart.

Peter Frampton, seu consultor artístico, também contribuiu com composições, enquanto as guitarras de Russell Hammond (Billy Crudup) foram verdadeiramente gravadas por Mike McCready, do Pearl Jam, que já tinha ajudado o diretor em Singles, um de seus filmes anteriores.

| SEX BOB-OMB
Filme: Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010)
Gênero musical: Indie rock

A banda de garagem Sex Bob-Omb (cujo nome é uma mistura do nome de Bob-Omb, do Mario, aquele, e Sex Bomb, a música do Tom Jones, além, claro, de homenagem aos Sex Pistols) tá longe de ser um fenômeno. Não são ruins, mas tão longe de ser populares. Mas, como toda boa lenda do mundo do rock, eles já têm a sua Yoko Ono, aquela garota que tira o foco de um dos músicos e faz com que o restante acredite que ela é responsável por sua separação.

No filme baseado nas HQs de Bryan Lee O’Malley, este papel é da jovem Ramona – que faz com que o baixista Scott Pilgrim foque seus esforços em derrotar seus sete ex-namorados do mal ao invés de ensaiar. As músicas da banda no filme foram compostas pelo cantor Beck, com seu tecladista, Brian LeBarton, tocando bateria e baixo. Mesmo assim, os integrantes da banda tiveram que aprender, ainda que pelo menos um pouco, a tocar seus respectivos instrumentos, pra passar mais veracidade – menos o próprio Michael Cera, que já tocava baixo mesmo.

Outra coisa legal de saber: quem escreveu a canção Black Sheep, da banda Clash at Demonhead, foi a banda Metric. Mas quem canta é a própria Brie Larson. <3

| STRANGE FRUIT
Filme: Ainda Muito Loucos (1998)
Gênero musical: Rock clássico

Nos anos 70, o Strange Fruit viveu o estilo de vida do rock ao máximo. Dinheiro, fama, sucesso, groupies, um cantor original que morreu de overdose e até um raio caindo em pleno palco durante uma apresentação ao ar livre. Mas, duas décadas depois que o grupo encerrou suas atividades e cada um de seus integrantes foi cuidar da própria vida, o fundador do festival The Wisbech Rock Festival reconhece o tecladista Tony Costello (Stephen Rea) e resolve convencê-lo a reunir os parceiros para uma apresentação especial.

O problema é que suas existências agora estão longe de ser lá muito selvagens ou alucinadas: um é atendente de hotel, outro é jardineiro, outro trabalha com serviços gerais... Junte a isso a relutância do segundo vocalista, Ray Simms (Bill Nighy, que também vive um roqueiro veterano e fracassado no ótimo Simplesmente Amor, de 2003), que diz estar em carreira solo mas nunca lançou nada, e o guitarrista Brian Lovell, desaparecido, que muita gente acreditar estar mesmo é morto, e você tem uma confusão em volume máximo.

Nota do Editor: “confusão em volume máximo” talvez tenha sido a coisa mais sinose de DVD de filme que Thiago Cardim escreveu em sua carreira... E olha que ele já escreveu sinopses de DVDs de filmes em vidas passadas

| TENACIOUS D
Filme: Tenacious D – Uma Dupla Infernal (2006)
Gênero musical: Heavy metal/hard rock

Fãs de metal e hard rock clássico, Jack Black e Kyle Gass se conheceram no mesmo grupo de teatro, The Actor’s Gang. Logo perceberam que tinham muito em comum e começaram a tocar juntos, fazer um som despretensioso, misturando temas humorísticos e guitarras distorcidas em uma banda. Assim nascia o Tenacious D.

Foram fazendo uns shows, logo se pegaram estrelando uma série de vida curta no canal HBO e aí acabaram caminhando com as próprias pernas, ficando amigos de um monte de músicos e conseguindo abrir shows de caras como Beck, Foo Fighters e Pearl Jam. Por causa de sua aparição bem-sucedida em Alta Fidelidade, Jack Black conseguiu bancar a gravação do primeiro álbum deles em 2000, com a participação de sujeitos como Dave Grohl (bateria/guitarra), Page McConnell (Phish/teclado), Warren Fitzgerald (The Vandals/guitarra) e Steven Shane McDonald (Redd Kross/baixo).

Em 2006, estrelaram seu próprio longa-metragem, Tenacious D – Uma Dupla Infernal, com participações de Grohl como SATANÁS, Ronnie James Dio e Meat Loaf.

| THE FOLKSMEN
Filme: Os Grandes Músicos (2003)
Gênero musical: Folk

Outro mockumentary, mais um estrelado pelo trio Michael McKean, Harry Shearer e Christopher Guest no papel principal mas, desta vez, é o próprio Guest que escreve, dirige e compõe tudo. Só que os caras do Folksmen são um trio de música folk (AH VÁ). Originalmente, eles surgiram como uma piada também no Saturday Night Live e, mais tarde, chegaram a aparecer no filme do Spinal Tap.

Na história, o conceituado produtor Irving Steinbloom morreu e seus filhos estão planejando uma homenagem na forma de uma espécie de festival com três de suas maiores bandas. A maior delas é justamente The Folksmen, que não aparecem juntos há décadas. Os outros são The New Main Street Singers (segunda geração do grupo original) e a dupla Mitch & Mickey, que se separou de maneira dramática anos antes do filme começar.

A canção A Kiss at the End of the Rainbow chegou inclusive a ser indicada ao Oscar — e, para promover o lançamento do filme em DVD, os atores encarnaram os personagens em uma turnê de verdade pelos EUA, em 2003.

| THE WONDERS
Filme: The Wonders – O Sonho Não Acabou (1996)
Gênero musical: Rock/pop

Não se engane, eles não são os Beatles... embora possam parecer. Na verdade, eles são os astros de uma película produzida pelo queridinho da América, Tom Hanks, a respeito de uma certa banda pop dos anos 60 que se transforma em verdadeira mania nacional. O único problema é que eles são uma daquelas bandas chamadas one-hit wonders, que explodem com uma única música na vida e deu.

A tal da grudenta música que dá título ao filme em inglês, That Thing You Do, originalmente uma balada que depois se torna uma delícia dançante quando os caras a apresentam num show de talentos, continua tocando vez por outra nas rádios de velharias.

Na verdade, a canção foi composta por Adam Schlesinger, baixista da banda alternativa Fountains of Wayne. Além dele, caras como Howard Shore e o próprio Tom Hanks escreveram canções para o filme – no caso do tio Tom, a faixa Lovin’ You Lots and Lots, que toca nos créditos iniciais e seria da tal banda fictícia Norm Wooster Singers, é na verdade dele, uma paródia de caras como Ray Conniff e Mitch Miller.

| THE VENUS IN FURS
Filme: Velvet Goldmine (1998)
Gênero musical: Glam rock

A banda comandada por Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), um tipinho glam claramente inspirado no David Bowie da era Ziggy Stardust, com direito a uma persona artística (Maxwell Demon, não por acaso o nome de uma das primeiras bandas de Brian Eno) e a orquestrar a própria morte em pleno palco e tudo mais. O nome do grupo, sem dúvida, faz referência à canção do Velvet Underground.

Numa versão meio distópica e ainda mais cinzenta da Inglaterra de 1984, o jornalista Arthur Stuart (Christian Bale) está escrevendo um artigo sobre sua retirada da vida artística, depois de um sucesso meteórico na década de 70. Enquanto cruza a liberdade sexual dos rock stars com a própria força que foi obrigado a ter para se aceitar como gay, Arthur vai relatando mais detalhes da relação de Brian com o autodestrutivo americano Curt Wild (Ewan McGregor) que, diz a lenda, teria sido inspirado no relacionamento de Bowie com caras como Iggy Pop e Lou Reed.

A banda de Brian é formada, na trilha sonora, por caras como Thom Yorke e Jonny Greenwood, do Radiohead; Bernard Butler (Suede) e Andy Mackay (Roxy Music). Já do lado de Curtis, quem toca são Ron Asheton (The Stooges), Thurston Moore e Steve Shelley (Sonic Youth), Mike Watt (Minutemen), Don Fleming (Gumball) e Mark Arm (Mudhoney). Além de covers como 20th Century Boy, T.V. Eye e Gimme Danger, também rolam canções inéditas produzidas especialmente pro filme, cortesia de bandas como Pulp e Shudder to Think e do multi-instrumentista Grant Lee Buffalo.