Crise nas Infinitas Terras termina fazendo declaração de amor pra DC | JUDAO.com.br

A conclusão em duas partes do grande encontro de todas as séries de heróis do CW tem menos participações especiais, mas foca de maneira certeira em pelo menos DUAS coisas emocionantes enquanto coloca a casa em ordem — e começa a despedida oficial de Oliver Queen

SPOILER! Se o começo do aguardado crossover Crise nas Infinitas Terras do CW foi uma festança, pura euforia, repleto de participações especiais pra deixar o mundinho da cultura pop em polvorosa, estes dois últimos episódios que encerraram a batalha dos heróis contra o Antimonitor, pós-hiato de final de ano, foi uma arrumação de casa, com o Arrowverse enxergando a si mesmo e entrando na reta final da despedida do Arqueiro Verde, o herói que deu origem a tudo.

Mas, no processo de amarrar as pontas soltas e integrar DE UMA VEZ o seu universo, além de delimitar onde diabos estão as OUTRAS séries DC produzidas pela mesma equipe, a Crise do Arrowverse faz uma linda declaração de amor ao Universo DC, ressaltando o que é REALMENTE importante na figura do super-herói, conforme Supergirl vinha anunciando desde aquele discurso lindo ao final da primeira temporada, aliás.

Quando o Arqueiro Verde/Espectro se sacrifica na luta contra o reverso do Monitor para garantir, no início da criação, que o multiverso possa ser enfim redesenhado e as muitas realidades voltem à vida, finalmente chega aquele momento que a gente meio que imaginava que ia acontecer e que deixou portas maravilhosamente abertas, escancaradas até, para inúmeras possibilidades. Agora TODAS as séries do CW, inclusive Supergirl e Black Lightning, estão no mesmo universo. National City não está mais à distância de um aparelho de teleporte de Star City ou Central City, mas sim de uma viagem de carro. E finalmente Freeland e Gotham City são parte integrante da brincadeira toda (sim, o Raio Negro veio pra jogo oficialmente).

Algumas outras coisas mudaram quando os universos foram reconstruídos, como o fato de que Lex Luthor agora é um filantropo reconhecido e John Diggle tem uma FILHA, como era lá atrás, antes do Flash foder a linha temporal toda em Flashpoint. Isso e o fato de que o Superman (que também vai ganhar série própria com a Lois, bom lembrar) agora tem uma FAMÍLIA, com filhotes e tudo. Mas os impactos REAIS só poderão ser sentidos mesmo quando as séries voltarem à programação normal a partir da próxima semana.

A cereja no bolo do crossover foi então, no último episódio em si, que calhou justamente de ser o PRIMEIRO episódio da nova temporada da galhofeira série Legends of Tomorrow, quando Flash e Supergirl (claramente os dois novos PILARES do Arrowverse agora que Oliver se foi) se encontraram, já num mundo unificado, e um senhor veio lhes pedir autógrafo em sua pasta. É ele quem conta pra Barry e Kara que eles já se conheciam e conviviam juntos, por mais que não soubesse. Qual o nome do simpático e sorridente grisalho? Marv. Tratava-se de ninguém menos do que Marv Wolfman, o roteirista original da Crise nas Infinitas Terras dos gibis.

Naquela que foi a mais sutil e delicada das participações especiais (confesso que dei uma choradinha quando saquei), tivemos também a homenagem mais significativa. Como uma espécie de “muito obrigado por tudo”. Obrigado aos criadores que fizeram tudo aquilo ser possível.

Ver Flash, Batwoman, Supergirl e as Lendas lutando contra uma versão gigantesca do peludinho Beebo, já no clima de Legends of Tomorrow, com o bom humor que é lhe característico, também teve um significado que talvez não fique tão claro assim, de primeira. Porque com aquela cena, usando aquele easter egg azul e fofinho que já esteve em praticamente todas as séries do canal, só que com TODOS os seus principais heróis juntos, foi como se os produtores enfim dissessem: “ok, minha gente, AGORA somos de fato uma única família”. E isso é lindo de se ver.

E aí teve o inesperado encontro de Grant Gustin, o Flash da TV, com Ezra Miller, o Flash dos cinemas. Que foi igualmente bonito. Não pelo encontro em si, que foi mais um PAM-PAM-PAM do que qualquer coisa assim, não teve lá qualquer impacto na trama propriamente dita. Mas acho que pelo que representou. Finalmente, depois de OITO anos construindo um universo na TV que era, gostem vocês ou não (e aí são outros quinhentos), bem mais conectado com o coração dos gibis do que as versões cinematográficas, a milionária indústria dos grandalhões WB baixou a cabeça, foi lá e deu um abraço forte em quem carregou a tocha sem medo de experimentar enquanto o cinema fracassava miseravelmente com Esquadrão Suicida, Batman vs Superman e afins.

Foi, no fim, um BAITA reconhecimento foda pro Greg Berlanti, Marc Guggenheim e esta galera toda aí. Um reconhecimento que andava bastante merecido para um time que era considerado “menor”, tratado como algo “à margem”, até meio ignorado pelos irmãos mais ricos. Porra nenhuma. Porque até o momento, entre as adaptações animadas e estas séries do CW, é o cinema que tem muito que aprender aqui em matéria de CORAÇÃO e não o inverso.

E sobre o final... cara, o final é simplesmente uma delícia. Sim, agora sabemos que a Terra do CW é a TERRA-PRIME e que as outras séries se passam cada uma em uma realidade diferentes: Stargirl não está no mesmo mundo da Patrulha do Destino, que surpreendentemente (pra quem viu ambas, bom lembrar) não é o mesmo dos Titãs. O Monstro do Pântano também tá numa realidade diferente (ou seja: as séries do DC Universe NÃO formam um universo coeso, ok?), assim como... eita, pera Lanterna Verde? Tá, a gente sabe que vai rolar uma série do herói no serviço de streaming HBO Max, mas aquelas cenas não eram do filme com o Ryan Reynolds? ;)

Enfim: se os CWs tudo tão juntos e sabem que são uma linha de defesa reunida contra as forças do mal, porque eles não se juntam de vez? Uma mesa, cadeiras com suas logomarcas, uma espécie de salão no qual poderão se encontrar quando necessário... mas engraçado, eu acho que reconheço o FORMATO deste prédio. Pera. Que barulho foi este? Um macaco fugindo de uma jaula nos fundos do prédio? Um antigo experimento dos Laboratórios S.T.A.R. chamado Gleek?

...senhoras e senhores, os heróis do CW agora formaram uma equipe única, oficialmente. Mas não é a porra da Liga da Justiça. Eles são, isso sim, os Superamigos. E isso é tão maravilhoso que eu nem tenho palavras (mentira, tenho sim, só olhar aí pra cima que você vai ver um monte).

E o que era para ser um crossover trágico, sobre morte e o fim de um ciclo, se encerra com uma dose linda de carinho no coração. Com luz, com cor, com fofura, com humor, com abraços, com ternura. Mais uma vez mostrando o caminho sobre o que os super-heróis são DE VERDADE.

Vocês podem reclamar das tramas formulaicas, da produção que não é milionária, dos figurinos que não são estrelados. Tá tudo bem. Eu juro que ENTENDO. Mas em momentos como ESTE, eu pouco me importo. No fim, só tenho o que agradecer. <3