Afinal, qual é o real impacto do acordo entre Disney e Amazon? | JUDAO.com.br

Nesta semana, a empresa de Jeff Bezos anunciou um acordo de licenciamento pra ter os filmes e séries da empresa do Mickey – e isso tem impacto na estreia do Disney+, no Telecine, na própria Amazon e até no Netflix

Todo mundo está esperando a data de lançamento do Disney+ no Brasil, que nos EUA estreia no próximo 12 de Novembro. Só que, enquanto isso, algo diferente e interessante aconteceu: a Amazon anunciou um acordo de licenciamento com o Mickey, trazendo filmes e séries do grupo para o seu próprio streaming, o Prime Video. Filmes como Capitã Marvel e Vidro já estão disponíveis, assim como séries como The Walking Dead. Para os próximos meses, estão prometidos Toy Story 4, O Rei Leão e Malévola: Dona do Mal — todos longas recentes dos cinemas, ou que ainda nem estrearam.

O acordo vai até setembro de 2020 e cobre toda a América Latina.

O primeiro impacto do anúncio é, claro, no Disney+. A plataforma estreia em novembro nos EUA e todos esses filmes, na Terra do Tio Sam, estão prometidos na realidade para o novo streaming. Na prática, o Prime Video está assumindo no Brasil a janela que seria justamente do VOD do Pateta.

Como a Disney não dá ponto sem nó, o anúncio dá a entender que o Prime Video vai funcionar como um “tampão” até a plataforma própria da empresa ser lançada por aqui. Isso colocaria a chegada do Disney+ no nosso país, na melhor das hipóteses, em Outubro, quem sabe Novembro, de 2020. Isso bate com a data informada na última D23 Expo, quando executivos da empresa informaram que o D+ chegaria na América Latina em 2020.

Por outro lado, apurei com uma fonte que, dentro dos muros do Tio Patinhas, os funcionários trabalham com a previsão de lançamento para 2021. A informação vai ao encontro de uma fonte da Variety, que informa o lançamento do streaming nos países ao sul dos EUA no “primeiro trimestre de 2021”.

Temos, portando, uma janela de seis meses para a estreia do Disney+ por aqui: entre Outubro de 2020 e Março de 2021.

Fica a dúvida do que a Disney+ vai fazer com seus filmes e séries exclusivos até lá, incluindo The Mandalorian e WandaVision, entre várias outras. Esses títulos foram propositalmente deixados de fora do comunicado oficial e se tornaram uma incógnita. O Pato Donald os liberaria por um ano para a Amazon, de certa forma abrindo mão dessa exclusividade? Ou seguraria as produções por mais um ano, um ano e meio, deixando Jack Sparrow nadando em um mar azul da América Latina?

Questionada sobre esses conteúdos, a assessoria do Prime Video se limitou a dizer que “todas as informações que temos disponíveis sobre o acordo do Amazon Prime Video com a Disney estão no press release enviado.”

Meu FEELING é que se a Amazon já tivesse o licenciamento dessas séries e filmes, teria anunciado logo de cara. Nada impede de um segundo acordo abranger essas produções, mas não é impossível que o Tio Patinhas guarde suas novas moedas para si, em sua vistosa Caixa-Forte.

Vale dizer que esses não são os únicos reflexos do acordo de licenciamento com a Amazon. Até o dia 30 de Setembro, quem tinha a janela de “TV paga premium” (seis meses após os cinemas) no Brasil era o Telecine. Inclusive, as estreias de Capitã Marvel, Vidro e O Retorno de Mary Poppins, seguindo a tradição até então, aconteceriam no canal/plataforma OTT – só que não chegaram e, agora, você pode assistir tudo isso no Prime Video.

Questionada se o acordo entre Disney e Amazon mudaria algo para o seu acervo, o Telecine enviou um curto comunicado, no qual afirma que “o catálogo da plataforma do Telecine possui mais de 2 mil títulos, exclusivos da Paramount, MGM, Universal e Fox, além de filmes da Sony e Warner. Os títulos da Disney seguem fazendo parte desse acervo até o final de suas vigências”. Lendo nas entrelinhas: os longas de Marvel Studios, Pixar, Disney e afins não vão sumir de lá de uma hora para a outra. Como já é normal para eles, as produções tem data para entrar e sair. Uma rápida consulta no streaming do Telecine, onde consta a informação de “disponível até”, a maioria dos longas recentes da empresa do Donald vão ficar acessíveis até meados de 2020. Alguns mais antigos já saem no final de outubro, enquanto Descendentes 3 fica até 2021.

Só que as adições de “new releases”, como gostam de REDUNDAR os americanos, agora acontecem na Amazon.

Essa novela deve ganhar novos capítulos em breve

A Disney faz parte da joint-venture do Telecine, ao lado de empresas como Globo, Universal e Paramount. Um novo acordo (com, quem sabe, uma janela mais para frente) ou até uma mudança nessa joint não seria surpreendentes.

E sim, ainda há o Netflix nessa história. O serviço de Los Gatos possui (ou possuía) no Brasil acordos diferentes com a Disney, que licenciava filmes em janelas bem mais distantes – uns dois anos depois da estreia no cinema, quase junto com a TV aberta. Nesses termos, o último filme da Marvel a entrar lá, por exemplo, foi Capitão América: Guerra Civil.

Em Maio passado, uma fonte próxima aos contratos de aquisição me contou que “os filmes da Disney não vão a lugar nenhum”. Se nada mudou desde então, é possível afirmar que tudo vai continuar como está, ao menos por enquanto. Na pior das hipóteses, os acordos atuais podem não ser renovados, com filmes e séries deixando o catálogo da Netflix gradualmente – tal qual deverá acontecer com o Telecine.

Questionada oficialmente sobre o assunto, O Netflix não de pronunciou até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado quando – e se – a empresa o fizer.

Juntando tudo isso, cria-se o cenário brasileiro atual: filmes da Disney que estão, ao mesmo tempo, disponíveis no Netflix, Amazon Prime Video e Telecine. A guerra do streaming tinha que ser mais doida por aqui, não é mesmo? Agora, como você pode perceber, há mais dúvidas do que respostas, mas, em uma guerra na qual o conteúdo é a grande arma, houve um grande distúrbio na Força.