Os maiores operários da cultura pop | JUDAO.com.br

A partir de agora, toda semana responderemos, da maneira mais pessoal possível, alguma pergunta relacionada à cultura pop, adicionando as respostas ao nosso Canon

A internet virou essa corrida maluca por posição relevante na sua timeline, numa tentativa de que as coisas sejam lidas fora dali, o que muito raramente acontece, infelizmente.

Foi-se o tempo em que as pessoas escolhiam ler sites e blogs e sabiam exatamente quem (e por que) estava falando... Mas a gente do JUDAO.com.br não desiste e, inspirados nas /Answers do /Film, toda semana apareceremos por aqui respondendo, da maneira mais pessoal possível, alguma pergunta relacionada à cultura pop, adicionando as respostas ao nosso Canon. Assim você se lembra que somos pessoas, como você, e passa a nos conhecer um pouco melhor. :)

Nessa primeira semana, aproveitando que tivemos esse feriadão de Dia do Trabalhador, perguntamos:
Quem são os maiores operários da cultura pop?

| Jeff Scott Soto por Thiago Cardim
Se o seu lance é hard rock, talvez com uma pitadinha de metal pra temperar, muito possivelmente você já ouviu a voz de um sujeito gente boa (e fanático por caipirinha) chamado Jeff Scott Soto, americano cinquentão com ascendência porto-riquenha cujo vozeirão cheio de groove é simplesmente inconfundível — e que em sua carreira solo, pode variar tanto do hard mais cool, mais pop até, dos discos que ele assina como JSS, até uma coisa mais power metal bate-cabeça como pudemos ouvir na banda que ele batizou apenas como Soto.

A quantidade de bandas das quais participou ao longo da carreira, no entanto, é bastante impressionante: Talisman, Talisman, Humanimal, Soul SirkUS, W.E.T., e por aí vai (a mais atual, o supergrupo Sons of Apollo, com o arroz de festa Mike Portnoy, merece demais a sua atenção). Foi vocalista do Rising Force do virtuoso guitarrista sueco Yngwie Malmsteen (aka AQUELE MALA) lá no começo dos anos 80. Já nos anos 90, foi da Suécia pra Alemanha mas se manteve à frente da banda de um guitarrista, agora o alemão Axel Rudi Pell, ao longo de seis discos. Nos anos 2000, chegou a ser durante um curto período de tempo o frontman dos veteranos do Journey. E ainda foi a voz do lindíssimo projeto Trans-Siberian Orchestra, uma opera rock neoclássica conhecida por seus shows repletos de efeitos de luzes e demais megalomanias, até 2015.

É dele também a voz do vocalista original do Steel Dragon, a banda que aparece no filme Rock Star, de 2001, com o Mark Wahlberg e a Jennifer Aniston. E também é dele a voz que gravou participações especiais em álbuns de gente até dizer chega, numa lista impressionante que abrange Michael Schenker, Gus G, Joel Hoekstra, Lita Ford, Stryper, House of Lords, Paul Gilbert, Dokken, Harem Scarem e por aí vai.

E o cara ainda encontra tempo na agenda, vejam vocês, pra gravar participações numa porrada de álbuns tributos a algumas de suas bandas favoritas, como Queen (Dragon Attack, lançado em 1997, é daqueles discos que todo mundo devia ouvir, aliás), Deep Purple, Van Halen, Aerosmith, Pink Floyd, Iron Maiden, Led Zeppelin… UFA.

| Seu Madruga por Renato Santos Júnior
CATARSE.ME/JUDAOCOMBR Já foi boxeador, vendedor de churros, fotógrafo, o homem do saco, trabalhou em várias profissões e continua devendo os 14 meses de aluguel. Sem contar a frase máxima de que “o ruim não é o trabalho e sim é ter que trabalhar”.

| Mark Ronson por Beatriz Fiorotto
Rehab, You Know I’m No Good, Back to Black da Amy Winehouse. O álbum Joanne da Lady Gaga. Uptown Funk do Bruno Mars. New do Paul McCartney. Eu poderia fazer uma lista enorme aqui só de músicas MUITO legais com o dedinho desse PRODUTORZÃO que é o Mark Ronson.

O produtor musical, entre algumas outras coisas, é quem dirige as gravações das músicas. Sabe como a gente sabe que um filme é do Tarantino ou do Almodóvar só de ver alguns minutos? Então. O Mark tem um estilo muito próprio cheio de ~gingado de funk, soul e vários outros estilos que parece sempre fazer brilhar as músicas com as quais trabalha. Foi chamado pra produzir seu primeiro álbum depois de ser muito aclamado como DJ, e lançou Here Comes the Fuzz em 2003. Saiu BRILHANDO por aí e já se juntou à Lilly Allen, Adele e até organizou o álbum póstumo do Michael Jackson (!!!), o Michael, de 2010. Muito bom no que faz, tem personalidade e parece nunca estar parado.

Ele ganhou um pouco mais de notoriedade recentemente, quando narrou o documentário Amy, sobre a vida conturbada de Amy Winehouse, e porque apareceu bastante em outro filme, Five-Foot Two, longa que documentou as gravações de Joanne, álbum da Lady Gaga. Mas ainda não é o suficiente! Precisamos FALAR MAIS de Ronson!

Ah, e a título de curiosidade, fica aqui a minha música favorita dele. Uma versão com a Lilly Allen muito diferente e MUITO FODA de Oh My God, do Kaiser Chiefs (e olha que CHARME esse clipe!)

| Stanley Tucci por Borbs
Você conhece o conceito de “character actor”? Não é algo que se comente muito, até que um deles morre e essa se torna a maneira de descrever aquela pessoa que todo mundo já viu um dia em algum filme, série... e continua vendo em outros filmes e séries e quase o tempo todo aponta pra tela todo felizão dizendo que conhece aquela pessoa.

O que você MUITO raramente faz, porém, é apontar pra um pôster e reconhecer aquela pessoa. Nem mesmo o nome, lá em cima. Entendeu a ideia, certo? Qualquer character actor é, por definição, um grande operário da cultura pop.

Nenhum deles é, porém, tão maravilhoso quanto aquele que não é o Mark Strong, Stanley Tucci. Apesar de ter poucos créditos de ator no IMDb (são humildes 126, contra 177 de Samuel L. Jackson e 504 de Eric Roberts, por exemplo), poucos conseguem desaparecer em cada um dos papeis que faz, independente do tamanho — seja a voz, seja o olhar, seja a expressão corporal, seja até mesmo o cabelo que, naturalmente, não tem, mas nunca o impediu de nada.

“Eu ficava muito confortável no palco. Muito mais do que ficava na vida real. Era sempre mais fácil, fazia sentido” explicou o cara, em 2012, em uma entrevista ao The Guardian, sobre os motivos que o fizeram começar a atuar ainda criança.

Bem... Parece nada mudou, né? Ainda bem. :)

Stanley Tucci em Jogos Vorazes

| Vanessa Redgrave por Júlia Gavillan
Com 140 produções no currículo, a inglesa Vanessa Redgrave tem 81 anos e permanece trabalhando. Ela faz teatro, cinema e televisão, acumula 45 prêmios na carreira e interpreta papéis diversificados e marcantes.

Vanessa Redgrave como a Rainha Elizabeth I em Anônimo

Ela foi a rainha Guinevere em Camelot, lançado em 1967. A bailarina Isadora Duncan – que morreu tragicamente após sua echarpe ficar presa nas rodas de um carro — na cinebiografia Isadora, de 1969. Também foi Mary Stuart no longa Mary Stuart, A Rainha da Escócia, de 1971, além de estar na primeira adaptação — e única que importa — de Assassinato no Expresso do Oriente, de 1974. E como se não fosse suficiente, Redgrave interpretou Agatha Christie no produção O Mistério de Agatha, de 1979.

Ela trabalhou com Brian de Palma, Katherine Hepburn, James Ivory, Lauren Bacall, Ingrid Bergman... Ela continua atuando com os melhores das últimas gerações de Hollywood. Com apenas um Oscar no armário, Vanessa Redgrave merece mais destaque.