Com novas e grandes ambições, Shondaland quer fazer mais no Netflix | JUDAO.com.br

Conheça os primeiros projetos que serão desenvolvidos pela produtora e o serviço de streaming — e aproveite pra ir atrás dos materiais que inspiraram ou servirão de base para adaptações :)

É praticamente impossível você nunca ter assistido a pelo menos um episódio de qualquer série de Shonda Rhimes. A produtora, roteirista, fundadora e chefe criadora da produtora Shondaland dominou a programação de quinta-feira na ABC e se tornou a Midas do grupo midiático que pertence à Disney. Mesmo com inegáveis sucessos como Grey’s Anatomy, How to Get Away With Murder e Scandal, Shonda decidiu assumir novos riscos, alcançar novos voos e levar suas criações para um público muito maior.

Com um projeto de tentar ao menos igualar esses sucessos, Shonda assinou um lucrativo contrato de nove (!) dígitos com o Netflix, local aonde ela poderá expandir suas visões criativas sem restrição de conteúdo, formato ou linguagem. E as oito produções já anunciadas mostram que Shonda ainda tem muito o que dizer.

How Anna Delvey Tricked New York’s Party People

O primeiro show de Shonda para o Netflix contará a história de Anna Delvey, uma vigarista que enganou seu público e as diversas celebridades de Nova York utilizando apenas um nome falso e uma presença ativa no Instagram. Se passando por uma rica herdeira alemã, Delvey frequentava a alta sociedade e vivia nos hotéis mais famosos e caros da cidade até ser presa por usar identidade falsa para conseguir empréstimos bancários e assinar cheques sem fundo. Pois bem, ela conseguiu uma moradia definitiva: o presídio Rikers Island, em Nova York.

Anna Delvey no BANCO DOS RÉUS

Toda essa farsa criada por Delvey se tornou famosa por causa do artigo How Anna Delvey Tricked New York’s Party People, escrito por Jessica Pressler. A história fascinou Shonda, segundo afirmação da própria produtora executiva em um comunicado à imprensa. “Ela é o material de que os sonhos americanos são feitos ou ela é a maior vigarista de Nova York?”

Ou talvez os dois?

Ainda não existem muitas informações sobre esse primeiro projeto, mas enredos sobre impostores reais sempre rendem boas histórias para a televisão ou para o cinema.

Bridgerton

Outro projeto anunciado foi a adaptação de Bridgerton, uma série best-seller escrita pela romancista Julia Quinn. Com temas dramáticos que variam entre romance e política, os romances da autora são ambientados na alta sociedade da regência britânica e se concentram na poderosa família que dá nome aos livros. Contando com oito obras, as histórias revelam as vidas de homens e mulheres que estão no “mercado de casamentos” da alta sociedade londrina.

Com o veterano Chris Van Dusen – que trabalhou com Shonda em Scandal – como roteirista e produtor executivo, a série também não tem muitas informações adicionais além disso. Como já li todos os livros dessa série, estou bastante ansiosa para a forma como essas histórias serão adaptadas.

The Warmth of Other Suns

Baseado no livro homônimo de Isabel Wilkerson, a série acompanha a migração de afro-americanos que fugiram do Sul dos EUA, onde existiam leis locais e estaduais que institucionalizaram a segregação racial, em busca de uma vida melhor no norte do país entre 1916 e 1960.

Wilkerson – que foi a primeira mulher afro-americana a ganhar o Prêmio Pulitzer de jornalismo -, passou quinze anos pesquisando e escrevendo histórias de mais de 1.000 pessoas que fizeram a migração do sul para o norte e o oeste dos EUA. O livro se tornou best-seller no New York Times e levou os prêmios na categoria não-ficção do National Book Critics Circle, Anisfield-Wolf Award, Mark Lynton History Prize, Sidney Hillman Book Prize e Heartland Prize.

A produção executiva e a adaptação ficam a cargo da dramaturga Anna Deavere, vencedora da Medalha Nacional de Humanidades, do MacArthur Genius Grant e duas vezes ganhadora do Drama Desk, prêmio anualmente concedido ao teatro nova-iorquino e o único que engloba peças da Broadway, off-Broadway, off-off-Broadway e peças encenadas por organizações sem fins lucrativos legítimas. Quer dizer, a série está recheada de pessoas obviamente qualificadas para o trabalho.

Pico & Sepulveda

Assim como a produção anterior, Shonda quer continuar contando a história dos EUA, mas dessa vez com um material original. Situado na década de 1840, quando o território da Califórnia ainda era um estado mexicano, a série acompanha o fim de uma era bucólica em que colonos estrangeiros e forças armadas ameaçam reivindicar o estado para os EUA. Bom, nós sabemos como essa guerra terminou, mas pode ser interessante ver uma série concentrada nesse período.

A criação e a produção executiva de Pico & Sepulveda será da escritora Janet Leahy, roteirista e produtora de Mad Men – que está para sempre no meu coração, diga-se.

Reset: My Fight for Inclusion and Lasting Change

Retornando ao campo das adaptações, o Netflix e a Shondaland adquiriram os direitos das memórias de Ellen Pao, uma empresária, investidora, escritora e ativista norte-americana que se tornou conhecida por apresentar uma ação de discriminação de gênero contra Kleiner Perkins, sua ex-empresa. Esse processo jogou holofotes na cultura sexista do Vale do Silício, iniciou reivindicações por mudanças e impulsionou o movimento Time’s Up.

Só isso.

Ainda não existe qualquer informação sobre como funcionará essa adaptação – se será uma dramatização ou até mesmo um documentário -, mas é mais uma história de Shonda focada em “mulheres fortes”, termo rejeitado pela própria produtora, que acredita que qualquer mulher forte e inteligente é apenas uma mulher.

Apesar da falta de informações, esse parece ser um dos projetos mais interesses dessa primeira leva.

Ellen Pao

The Residence

Outros direitos adquiridos pelo Netflix e Shondaland foi o livro de não-ficção The Residence: Inside the Private World of White House, escrito pela jornalista Kate Andersen Brower, que cobriu a Casa Branca para o Bloomberg News durante o primeiro mandato da administração do presidente Barack Obama.

O livro – que se tornou best-seller número 1 no New York Times – oferece o olhar inovador das empregadas domésticas, mordomos e diversos outros profissionais que trabalharam na Casa Branca dos Kennedy até os Obama. Portanto, um período BEM grande.

É sempre intrigante ver o olhar de terceiros sobre eventos enormes da história de um país, além de conhecer visões diferentes sobre pessoas que estiveram tão próximas de figuras tão poderosas.

Novamente, as informações sobre essa série são bem escassas, então vamos aguardar.

Sunshine Scouts

Retornando aos originais, Sunshine Scouts tem a história mais diferente dessa primeira leva de produções. A série de humor negro acompanhará um grupo de garotas adolescentes que está acampando durante um desastre apocalíptico e precisa reunir suas habilidades para sobreviver, além de garantir que o resto da humanidade siga a Lei Sunshine Scout. O que isso significa? Não fazemos a menor ideia. Sério, não saiu nenhuma informação sobre o que isso significa. Mas o Netflix já informou que cada episódio terá meia hora e a série será criada pela atriz Jill Alexander, que trabalha em Silicon Valley e está DEBUTANDO como roteirista.

Hot Chocolate Nutcracker

Fechando os anúncios, Shondaland vai se aventurar por um gênero que é sinônimo de sucesso no Netflix: os documentários. Hot Chocolate Nutcracker vai oferecer uma visão dos bastidores da premiada releitura do balé clássico O Quebra-Nozes, realizada pela Debbie Allen Dance Academy, de Los Angeles. A academia de dança é conhecida por incentivar novos e diversificados talentos, misturando diferentes tradições de dança e sua releitura do balé russo ficou famoso por incluir um elenco de todas as idades.

Novamente, Shonda vai entregar uma série nas mãos de alguém com quem já trabalhou. Oliver Bokelberg, diretor e diretor de fotografia de Scandal, foi escolhido para dirigir, produzir e fazer a direção de fotografia de Hot Chocolate Nutcracker. Esse é o tipo de documentário que tem a cara dos especiais de final de ano tradicionais da televisão norte-americana.

Pelas descrições das novas produções do Shondaland, é bem óbvio que a produtora quer explorar novos mundos e contar histórias completamente diferentes do que já fez até o momento. Isso também está dentro do ambicioso projeto do Netflix em se tornar a casa das grandes produções mundiais. E ter Shonda Rhimes como uma das líderes desse projeto mostra que a empresa de streaming não quer errar.