F1 no Netflix: hoje sim! Hoje não... | JUDAO.com.br

Liberty Media, empresa que controla a categoria, disse que está negociando com a plataforma de Los Gatos – que já cansou de dizer por aí que não quer esportes ao vivo em seu catálogo

O futuro da Fórmula 1 é fora da TV aberta. Já falamos isso algumas vezes aqui no JUDÃO... E agora surge a primeira grande informação neste dia depois de amanhã: a Liberty Media, grupo que comprou a categoria das mãos de Bernie Ecclestone há um ano, informa que estão negociando com nada mais, nada menos que o Netflix.

A informação surgiu durante uma coletiva do diretor de operações comerciais da categoria, Sean Bratches, na quinta-feira pré-GP dos Estados Unidos – um mercado importantíssimo para a categoria e o país de origem da própria Liberty. “A Liberty Media sempre concentrou na expansão dos canais multimídia. Acreditamos que, no mundo de hoje, há uma maior abertura para a internet e, nesse sentido, temos projetos relacionados”, disse o executivo. “Estamos discutindo um acordo com o Netflix para uma parceria em 2018, mas no momento não posso adiantar nada. É uma situação em andamento”. A informação é do site italiano Motori Online.

Antes que você acredite que irá poder acompanhar todos os treinos livres, classificações e corridas da F1 do seu celular ou por onde quiser, sem precisar ficar ouvindo a voz do Galvão Bueno, aqui vai um recado claro e direto: CALMA. Pelo jeito a coisa não será bem assim.

Pra começar: o Netflix, desde sempre, afirma que não tem interesse em esportes ao vivo. A primeira questão é financeira. “Há um leilão irracional nos esportes. Não estamos empolgados em entrar nele”, disse Ted Sarandos, CCO do Netflix, em uma coletiva com investidores realizada em outubro de 2015. “Esportes sob demanda não são tão legais quanto esportes ao vivo”, completou o executivo.

“Ao invés de investirmos em coisas como esportes, estamos interessados em coisas como The Crown”, afirmou o CEO, Reed Hastings, em uma outra coletiva com investidores, essa de Abril de 2016. Reed, aliás, voltou a negar que haja interesse em qualquer tipo de esporte na coletiva de Janeiro deste ano.

“Nós não temos planos para esportes”, disse Reed Hastings em janeiro.

Claro, pessoas e empresas mudam de opinião – e, em nove meses, poderia ter acontecido isso com o pessoal de Los Gatos, principalmente após o Amazon Prime Video fechar um acordo com a NFL para a transmissão, ao vivo, do Thursday Night Football. No entanto, ter algo com dia e horário para ser visto ao vivo parece ir contra um serviço de streaming que se gaba de dar a liberdade para o espectador escolher o que e quando quer ver, libertando-o das amarras da programação linear. Principalmente se esse produto custar bem caro.

Há, também, questões mais práticas. Netflix, quando fecha um contrato que não seja de segunda janela, gosta de botar um “original” no produto e lançá-lo em (quase) todo o mundo. No caso de uma “Fórmula 1 original”, eles esbarrariam em contratos que a Formula One Management já tem em boa parte dos países. No Brasil, por exemplo, a categoria tem um acordo com a Rede Globo até 2020 – e o nosso país e um dos mercados mais importantes para o Netflix, como seus executivos não param de repetir. Já no Reino Unido, a categoria tem um acordo de exclusividade até 2024 com a Sky Sports.

Vettel e Hamilton: os futuros novos astros do Netflix?

A grande diferença da Fórmula 1 para a NFL é que o pessoal do futebol americano particiona a exibição dos jogos em diversos contratos, com durações diferentes. Nos EUA, hoje, CBS, Fox, NBC, ESPN e Prime Video dividem estes direitos, além da própria NFL Network. Isso permite a eles fazer acordos menores, como esse da Amazon (que já foi do Twitter), algo que a F1 não conseguiria fazer. Uma temporada regular da NFL tem 256 jogos, enquanto uma temporada da F1, atualmente, conta com 20 corridas.

Mas tudo isso não quer dizer que Bratches jogou uma grande CASCATA na coletiva – até porque ele tem um longo histórico nesse mercado, tendo servido como vice-presidente de Vendas e Marketing da ESPN. Veja: o executivo não diz, em momento algum, que ele está negociando transmissões ao vivo. No entanto, sabemos que a Liberty Media está, sim, buscando outros formatos para empacotar seu conteúdo para os espectadores. Se a audiência dos GPs está caindo, faz sentido imaginar que outros aspectos da categoria podem se tornar produtos interessantes para um tipo diferente de público. Com esse objetivo, a categoria flexibilizou as regras que proibiam postar conteúdos das corridas durante os GP em redes sociais, por exemplo.

Só podemos chutar o que poderia sair daí. Talvez uma série de documentários sobre o desenvolvimento tecnológico da categoria? Ou ainda sobre os bastidores da disputa de cada corrida, dando destaque para os embates entre pilotos? Já as provas antigas podem ser reunidas em outra série, alimentando a nostalgia. Não descartaria nem um drama de ficção feito a partir da F1 – os franceses, por exemplo, fizeram isso com uma obscura série de 13 episódios gravada em 1987, sem falar no clássico filme Grand Prix.

Quer saber? A possibilidade de algo NOVO me deixou mais empolgado do que a simples informação de uma categoria esportiva trocando de “canal”. Vamos, agora, ver o que vai sair disso daí. ;)