Sim, até lá!
Não faz muito tempo que a gente te contou que o mercado anda bastante propício para as super-heroínas nos EUA, né? O número de títulos estrelados por mulheres crescendo – assim como as vendas, provando que as editoras dos EUA estavam erradas ao pensar apenas no público masculino.
E aí vem a Marvel com a sua reformulação editorial pós-Secret Wars celebrando a diversidade e colocando um monte de meninas em primeiro plano. E aí vem a DC com aquela história de DCYou. E a gente fica feliz à beça, não é?
Mas, veja só, também não faz muito tempo que a gente discutiu aquela coisa do #WheresNatasha, lembra? Viúva Negra e Feiticeira Escarlate completamente esquecidas da maior parte do material de merchandising/licenciamento do segundo filme dos Vingadores, coisa e tal. Cuén.
E eis que a chega a San Diego Comic-Con 2015. A Meca dos nerds, a celebração anual máxima da cultura pop. Justamente em um ano em que a participação das mulheres, dos negros, dos latinos, dos gays, todos, no ambiente da cultura pop, têm sido discutidos à exaustão por todos os lados e de todas as formas.
Óbvio que ainda é muito cedo para dizer que mudou muita coisa, sabe? Mas é nos pequenos passos que a gente começa a enxergar as grandes vitórias. Vejam, por exemplo, o anúncio que a Marvel fez dos seus colecionáveis produzidos exclusivamente para a Comic-Con.
Tem lá uma coleção (linda, aliás) de pins com aquelas artes fofuchas do Skottie Young. Dos 28 modelos disponíveis, OITO deles são estrelados por personagens femininas: a Thor, Elektra, Capitã Marvel, Silk, Mulher-Hulk, Spider-Gwen...
Ainda é pouco? É. Mas percebam que, na marra, entre Vingadores e Guardiões da Galáxia, entre Homem de Ferro e Homem-Aranha, seus bestsellers, a Casa das Ideias acabou tendo que incluir as heroínas que estão conquistando o público por lá.
Porque, pouco a pouco, elas também estão ganhando mais chances, mostrando a cara e ganhando o coração de leitoras...e leitores também. Porque você não precisa ser menina para gostar de ler um gibi protagonizado por uma menina. Simples assim.
A nova coleção de camisetas deles tem a mesma pegada. Além das versões para garotas de algumas das estampas mais legais (incluindo “I Have a Bow & Arrow”, do Gavião Arqueiro, relembrando uma das melhores frases do segundo filme), permitindo que todo mundo possa usar o que bem entender, também estão lá opções exclusivas para AS fãs de gibis – e séries de TV.
Tem nada menos do que DUAS da Miss Marvel. Uma da Viúva Negra (vejam só, que evolução). E duas da Agent Carter – uma delas, inclusive, bingo, num modelo masculino (eu compraria fácil). E ainda a dupla “I’ll be Your Fitz” e “I’ll be Your Simmons”, para casais que topem a brincadeira juntos.
Nada de My Boyfriend is a Superhero ou I Only Date Heroes, desta vez, vejam só vocês.
No fim das contas, é isso: meninos e meninas podem escolher do que vão brincar. Se com o brinquedo azul, com o cor de rosa, com o verde ou com o roxo. Cada um decide o que bem entender.
No caso da DC, eles aproveitaram a SDCC para começar a dar mais detalhes sobre Super Hero Girls, a franquia criada em parceria com a Mattel com versões teen de heroínas como a Mulher-Maravilha, a Supergirl e a Batgirl e vilãs como a Arlequina e a Hera Venenosa. Como bem diz o Hitfix, um cruzamento de Young Justice com Monster High, para pegar pelas canelas as meninas entre 6 e 12 anos.
Eu ainda mantenho a minha opinião anterior – não, gente, não precisa segregar. Não precisa criar uma linha de brinquedos/desenhos animados com heroínas para meninas. Simplesmente criem brinquedos/desenhos animados com heroínas e heróis todos misturados...e aí assiste quem quiser, né?
“Lança uma coleção dos Vingadores com heróis e heroínas misturados, com bonequinhos de todo mundo. Aí a menina pede pra mãe ou pro pai quem ela quiser. Pode ser a Viúva Negra ou o Hulk. A menina pode querer levar o boneco do Darth Vader. E o moleque querer a Princesa Leia. E daí?”, disse eu, quando a parceria foi anunciada.
Vou tentar, no entanto, enxergar o copo meio cheio. Quando você acessa o site e vê os perfis das personagens, não se depara com descrições que levam para o lado mais fashion/fútil que se pode ver nas Monster High ou Ever After High (ambas da Mattel, não por acaso) – ou ainda nas tais Equestria Girls, da concorrente Hasbro, apenas para ficar nas três propriedades mais fortes para este público (que tem uma legítima representante dentro da minha própria casa, aliás).
A Mulher-Maravilha é a líder corajosa e competitiva. Batgirl é a menina genial que prova que você não precisa nascer com superpoderes. Katana é a jovem corajosa e que detona nas artes marciais. “Você vai aprender como canalizar os SEUS poderes e colocá-los em uso”, diz o site. Nada de ícones de moda sem cérebro. Até o momento, tudo é de fato uma gracinha.
Posso estar sendo inocente, mas isso já passa, no mínimo, uma mensagem positiva. De que talvez estas heroínas não sejam apenas rostinhos bonitos que vão passar cada minuto de suas existências adolescentes tentando conquistar o coração dos bonitinhos da escola. Obviamente, conforme a gente for vendo os produtos de fato ganhando as lojas e a tal série animada INEVITÁVEL estreando, pode ser que eu descubra que estava sendo apenas um otimista incorrigível e que a Mulher-Maravilha é apenas uma Draculaura com um laço mágico.
Mas...¯\_(ツ)_/¯
É pouco. A gente sabe que ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Mas que bom que a gente começa a ver algumas pequenas sementes, enfim, começando a florescer.
Só não pode deixar de continuar plantando. E regando. De novo. De novo. E DE NOVO.
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