Depois de estrelar The Killing (e conseguir ressuscitar algumas vezes com a série), ser explodido em pedacinhos e voltar como um ciborgue e dar as caras em House of Cards, ele estará na ficção científica Altered Carbon, baseada no livro de Richard K. Morgan no qual, adivinha só quem é que não morre? ;D
O ator sueco Joel Kinnaman, que em breve poderá ser visto como o Rick Flag do filme do Esquadrão Suicida e que talvez você conheça como o RoboCop de José Padilha, parece estar vivendo uma espécie de lua-de-mel com o Netflix. Depois de DOIS cancelamentos pela AMC, a elogiada série The Killing, na qual ele interpretava o detetive Stephen Holder, teve uma temporada final de seis episódios produzida pelo serviço, para poder concluir a trama decentemente em 2014.
Este ano, o cara foi parar na quarta temporada (devidamente confirmado pra quinta) de House of Cards, queridinha dentre as produções proprietárias da empresa, vivendo Will Conway, adversário de Frank Underwood (Kevin Spacey) em plena corrida presidencial americana. Aí agora ele foi confirmado como o protagonista de outra série Original Netflix, a ficção científica Altered Carbon.
A série em 10 episódios será baseada no livro de mesmo nome, escrito em 2002 pelo autor inglês Richard K. Morgan – e que foi premiado, em 2003, com o prestigiado Philip K. Dick Award para os melhores deste gênero literário.
A produção será da Skydance Television, de David Ellison, divisão televisiva da companhia responsável por filmes como Guerra Mundial Z, os dois últimos Star Trek e os mais recentes episódios da franquia Missão: Impossível. Para o Netflix, eles já tinham desenvolvido anteriormente outra série, Grace and Frankie, com Jane Fonda e Lily Tomlin.
No papel de showrunner e produtora executiva, assume Laeta Kalogridis – que produziu filmes como Avatar e O Exterminador do Futuro: Gênesis, além de co-escrever Ilha do Medo, de Martin Scorsese. Na verdade, Laeta já tinha escrito há alguns anos um roteiro inspirado em Altered Carbon e tava com ele na gaveta, esperando apenas o momento certo para fazer acontecer. Agora rolou. ;)
O primeiro episódio será dirigido por Miguel Sapochnik, conhecido por seu trabalho em Game of Thrones – é dele, por exemplo, a direção do episódio Hardhome, da 5a temporada, também conhecido como “aquele em que o Rei da Noite ergue um exército de mortos no meio da neve”.
Kinnaman vai interpretar Takeshi Kovacs, um guerreiro interestelar de um grupo de elite e que ficou aprisionado por 500 anos – até ser “baixado” justamente em um futuro que tentou a todo custo impedir que acontecesse. Mas a consciência dele agora anda por aí no corpo de Elias Ryker, um policial de Bay City, ex-São Francisco.
Estamos no século 25, numa ambientação cyberpunk e na qual a mente humana pode finalmente ser digitalizada e a alma é facilmente transferível de um corpo para outro. Se ele puder resolver um caso de assassinato em um mundo no qual a tecnologia tornou a morte obsoleta, talvez ele ganhe a chance de ter uma nova vida na Terra.
Takeshi é egresso do planeta Harlan, um dos muitos planetas EXTRASOLARES que foram colonizados por seres humanos sob a supervisão do chamado Protetorado das Nações Unidas. Kovacs acaba sendo contratado para investigar a morte de um milionário chamado Laurens Bancroft, um daqueles que acabaram sendo apelidados de Meths, numa referência à figura bíblica do Matusalém (Methuselah).
Basicamente, só quem tem MUITA grana consegue manter corpos e mais corpos numa base contínua para que recebam sua mente sempre que o RECEPTÁCULO anterior envelhecer. Além disso, cópias de seus padrões mentais são mantidos em armazenamento remoto, atualizados regularmente para que, caso dê alguma merda no meio do caminho, eles possam ser trazidos de volta à vida sem grandes problemas. No caso de Bancroft, ele aparentemente comete um suicídio e acaba sendo “ressuscitado” utilizando um backup de 48 horas antes. Logo, ele não se lembra de nada que aconteceu e desconfia que seu suicídio na verdade foi um assassinato. E é aí que Takeshi Kovacs entra, no que parece ser uma grande conspiração.
Altered Carbon teve ainda duas continuações, Broken Angels (2003) e Woken Furies (2005), sendo que o autor prometeu que não faria mais livros estrelados por Kovacs (recentemente, claro, a resposta acabou mudando para “talvez”). Mas ele admite que foi graças ao carisma de seu anti-herói que conseguiu vender os direitos de adaptação cinematográfica de Altered Carbon para o produtor Joel Silver (pelo valor, nunca confirmado, de US$ 1 milhão), permitindo que então Morgan pudesse se dedicar à carreira de escritor em tempo integral.
Com especial predileção por tramas que se passam em futuros de clima sombrio e assustador, governo totalitário, desastre ambiental, os chamados FUTUROS DISTÓPICOS, Richard K.Morgan chegou até mesmo a enveredar pelo mundo dos quadrinhos, escrevendo dois arcos de histórias da Viúva Negra para a Marvel, dentro do selo de heróis urbanos Marvel Knights.
Recentemente, lançou uma nova franquia de livros, a trilogia de fantasia A Land Fit for Heroes (The Steel Remains, The Cold Commands e The Dark Defiles), estrelada por um protagonista gay e que logo se tornaria uma série de livros-jogos, lançados pela Liber Primus Games.
“O coração tá batendo mais forte”, afirmou Morgan, no Twitter, sobre a adaptação de Altered Carbon. “O projeto tá rolando, senhoras e senhores. Tá rolando!”. Pouco dias depois do anúncio oficial, ele exibiu com orgulho o link da página da série no IMDb: “Caralho, agora é real. Grande sorriso!”.
No blog que mantém em seu site oficial, ele falou mais a respeito do assunto assim que o projeto foi oficialmente anunciado, na época ainda sem a presença de Joel Kinnaman. “O anúncio me pegou de surpresa, tanto quanto todo mundo”, disse. “Eu sabia que o contrato tinha sido assinado, mas tive que ficar em silêncio até que a história fosse revelada”.
Ele conta que seu contrato especifica que ele seja consultor da série, mas também revela que foi convidado para integrar o time de roteiristas – e talvez até escreva um ou dois episódios. “Vou para Los Angeles e veremos como as coisas evoluem a partir daí”.
O autor conta ainda que, originalmente, quando Laeta Kalogridis o procurou em 2010, a ideia era fazer de Altered Carbon um filme. O prazo daquele acordo com o Joel Silver tinha acabado oficialmente, nada aconteceu, feijoada, e a Mythology Entertainment estava com os direitos em mãos. “Mas a versão de roteiro dela era complexa, cheia de detalhes, com cerca de três horas de duração. Para não matar o espírito do livro, ela fez um roteiro que todo mundo amou, mas ninguém conseguia encontrar o dinheiro para tirar do papel”.
Para dificultar ainda mais, todos os diretores que eles achavam que fariam sentido para este tipo de projeto estavam com as agendas lotadas.
Laeta se dizia apaixonada pelo livro e pelo filme que poderia gerar – e prometeu não desistir. Quando começou a trabalhar com David Ellison em outros projetos na Skydance, acabou sendo apresentada a uma solução simples: não dá pra transformar em um filme de duas horas? Ué, transforme em uma série de TV com até doze horas de duração para brincar com isso. “O resto é história. Mas a apresentação que Ellison/Kalogridis fizeram pro Netflix foi tão apaixonada que eles nem pediram um piloto. Fomos direto para a coisa dos 10 episódios”.
Bom, esse parece ser realmente o MODUS OPERANDI do Netflix. :P
Embora ainda seja cedo para falar sobre o futuro (VIU O QUE EU FIZ AQUI?), Morgan diz que um dos termos do contrato diz que eles podem produzir pelo menos cinco temporadas da série e que, claro, as duas continuações poderiam ser o lugar mais indicado para procurar material de referência.
“Mas a coisa boa da série do Kovacs é que temos alguns buracos aí – pô, Broken Angels rola pelo menos 30 anos depois dos eventos de Altered Carbon. Existem referências de coisas que podem ter acontecido nestes intervalos. Tem muito espaço para a gente trabalhar em cima”.
Altered Carbon ainda não tem data de início de produção, muito menos de estreia. Mas estamos de olho. :)