Mad Max: uma aula de como se fazer um blockbuster

Não, este não é um filme tão bom quanto você está imaginando. É ainda MELHOR.

Num momento da história da cultura pop em que Batman, Superman, BB-8 E Vingadores disputam a nossa atenção, aqueles trailers do novo Mad Max, a reinvenção da franquia pós-apocalíptica pelas mãos do próprio diretor original, George Miller, surpreendem. De “mais um remake tratado com desconfiança”, Mad Max entrou numa lista de filmes que todo mundo queria assistir.

PUTAQUEPARIU, senhoras e senhores: Mad Max: Estrada da Fúria é MUITO mais sensacional do que você pensa. Sério. É um dos grandes filmões da temporada. Deixa os grandes heróis da Marvel comendo poeira. E com certeza vai dar um trabalhão para os jedis, sith e o que mais vier por aí.

Quando assistiu a Kingsman, ainda em FEVEREIRO, o Borbs disse com todas as letras que o filme não só poderia ser uma das melhores coisas que você poderia ver no cinema em 2015, como, com certeza, será. O mesmo serve pra Mad Max. Com um adendo: é, DE LONGE, o melhor filme de ação desse ano. Em MUITOS anos. Do passado... E provavelmente do futuro.

Mad Max não perde muito tempo querendo ser didático, querendo te explicar o que aconteceu com a Terra no futuro, quem são os clãs lutando por combustível e suprimentos no deserto. Max (Tom Hardy), o lobo solitário das estradas de poucas palavras mas punhos precisos, aparece, é caçado pelos Garotos da Guerra de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), o governante da Cidadela... e o filme enfia o pé no acelerador. Um pé que vai pisando fundo sem parar durante algo como 30 minutos, tirando todo o seu fôlego até que, muita adrenalina depois, você caia com a cara na areia, todo dolorido, junto com Max. Mas é só o tempo de levantar e, pouquíssimos segundos depois, estar em alta velocidade mais uma vez. Até o fim.

Sabe quando a gente diz que ficamos “grudados na cadeira” com o filme? Foi rigorosa e LITERALMENTE assim que fiquei, do começo ao fim. Sem conseguir respirar.

Você sabe que Max fez alguma merda, que deixou alguém na mão lá no passado, que ele tinha algo como uma filha... mas dane-se. É isso que você precisa saber. Nada de flashbacks explicativos até o final do filme. Nada de narração em off. A sua imaginação vai completar o restante. E é isso que vai acontecer com todos os principais personagens da trama. E, mesmo assim, você vai entender rigorosamente TUDO o que está rolando. E vai se importar de verdade com quem deve se importar. Porque este é um filme de ação poderoso e que ainda tem a manha de criar vínculos entre espectador e seus heróis.

O lance é assim: Max acaba sendo, de maneira pouco ortodoxa, envolvido na caçada à Imperatriz Furiosa (Charlize Theron, simplesmente incrível, chutando bundas como se não houvesse amanhã), que está fugindo da Cidadela levando algo muito precioso para Immortan Joe. Obviamente, Max é um maluco badass que não se deixa arrastar e toma logo o controle da situação, por mais que as tropas de Joe (um bando de moleques branquelos com tendências suicidas e certíssimos de que estão destinados ao Valhalla) se juntem rapidamente aos soldados vindos das fortalezas que fornecem gasolina e armamentos para o maníaco mascarado. Vira um verdadeiro samba de maníacos sedentos por sangue vindos de todos lados, com tipos que fariam um mestre de RPG ir ao delírio.

Mas o Max não é Mad à toa.

É tudo sensacional e superlativo. TUDO. Da elaboradíssima direção de arte, com trajes e veículos montados com sucata e restos de um mundo devastado, à belíssima fotografia saturada que deixa tudo ainda mais quente, árido, sofrido, solitário, sem esperança.

Ah, você se surpreendeu com o nível de epicidade das perseguições automotivas dos filmes da série Velozes e Furiosos? Pffff. Pois nenhum dos sete passa nem sequer longe das loucuras que Miller promove aqui – levando em conta ainda que estamos diante não de belos carrões esporte importados, mas de restos de carros enferrujados misturados com tanques de guerra, armados com canhões, lança-chamas e um bando de sujeitos pendurados jogando lanças explosivas. E pra completar, no topo de um destes veículos, tem um sujeito deformado tocando uma guitarra distorcida e que solta fogo diante de um paredão de amplificadores, para fazer uma trilha heavy metal para os bárbaros da estrada.

Sim, é sério. E é legal. Legal PRA CARALHO. Confesso que tive muita vontade de levantar e gritar HELLYEAH! assim que ele apareceu. Meu lado headbanger foi ao delírio.

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METAAAAAAAAAAAAL!

E o melhor é que tudo faz sentido. Não são apenas cenas de porradaria aleatórias. Elas são bem rodadas e coreografadas, com o nível de tensão certo, fazendo você prestar atenção a cada detalhe – diferente de certas películas nas quais tudo acontece de maneira tão rápida e confusa que não dá nem pra saber quem é quem (sim, Michael Bay, estou falando com você e os seus Transformers).

Este Mad Max não é meramente uma refilmagem ao original, com um Mel Gibson em começo de carreira no papel principal. É uma nova história. Que, em termos de clima, presta sua reverência à produção de 1979 e vai conquistar os fãs das antigas. Mas que caminha com as próprias pernas, injetando fôlego o bastante para deixar a molecada salivando. Isso tudo sem subestimar a inteligência de quem assiste. Diz aí se não é uma daquelas missões quase impossíveis?

E quando os créditos finais sobem, Mad Max ainda consegue te fazer pensar sobre o futuro, sobre o que você faria para sobreviver em um ambiente tão extremo. Sobre a natureza. Sobre a água (oi, Alckmin). Sobre você.

Virou clichê em todas as críticas sobre o filme, mas é fato: Mad Max: Estrada da Fúria é uma OBRA PRIMA. Amém, Miller.