Depois da tal regra gerar bastante debate, roteirista disse que “entendeu errado” — mas isso tá bem estranho…
Marvel Studios e a Sony podem ter entrado em um acordo pra serem parceiras nos novos filmes do Homem-Aranha, mas isso não quer dizer que as duas empresas tenham se tornado BFFs, que comentem “MAGRA!!!!” uma no Instagram da outra, não. Só pra você ter uma ideia de como é essa relação: a Casa das Ideias proibiu seus quadrinistas de criar quais personagens que pudessem, por ventura, cair nas mãos da Sony.
A informação veio à tona no podcast Superior Spider Talk (via Bleeding Cool), num papo com o roteirista Robbi Rodriguez, responsável pelo gibi da Spider-Gwen. Ele explicou que, basicamente, “nós não podemos criar nenhum personagem novo em Spider-Gwen porque os direitos do cinema não estão totalmente licenciados pela Marvel. Qualquer coisa que criemos em Spider-Gwen, a Sony obtém primeiro”.
“Então o que começamos a fazer é algo que nós chamamos de ‘sampling’”, explica Rodriguez. “Vamos colocar as ideias que temos e jogar em outro personagem antigo. Digamos, nós temos o Luke Cage, o que eu acho que a gente tá pensando em usar, mas ele precisa ser o Luke Cage apenas em nome. Ele é uma nova ideia que tivemos, para um novo personagem”.
Quem lê Spider-Gwen já percebeu que isso acontece bastante. Frank Castle, por exemplo, é um capitão de polícia, Felicia Hardy é de uma banda de rock concorrente a da Gwen, Matt Murdock é um vilão... Agora fica claro que isso acontece não apenas por homenagem ou referência, mas é mesmo por necessidade. Todo o elenco de apoio precisa vir (nem que seja só em nome) de algum lugar em que ele já existe.
Pelo acordo ANTIGO, válido após 15 de Setembro de 2011, “todos os personagens novos criados e outros elementos criativos que primeiro apareçam num trabalho que é intitulado ou tem a marca ‘Homem-Aranha’ ou em que ‘Homem-Aranha’ seja o principal protagonista (mas não incluindo nenhuma equipe que tenha o Homem-Aranha e qualquer outro personagem que não seja parte da propriedade Homem-Aranha)” são exclusivos da Sony, que tem os direitos de criar filmes, animações, séries com episódios maiores de 44 minutos.
Isso incluiria, portanto, a Spider-Gwen, que seria uma “versão alternativa do Homem-Aranha” e precisaria ser retratada fielmente (uniforme, poderes, nome, tempo, lugar), ainda que não pudesse usar alguns personagens do elenco de apoio (como o Justiceiro e o Demolidor, que são considerados “congelados”).
É impossível saber exatamente os detalhes do novo acordo (quer dizer... Depende do que o Seth Rogen fizer), mas dá acho que dá pra afirmar que a Sony ainda mantenha algum tipo de controle de adaptação sobre novas criações no universo do aracnídeo. Seria a Spider-Gwen uma exceção?
Bom, talvez isso seja um papo pra uma reunião de horas e horas entre os advogados das duas empresas. O fato é que o podcast já foi tirado do ar...
Depois de tanta confusão, Rodriguez foi conversar com o Newsarama. “Não há regra. Esse assunto não tinha sido explicado pra mim muito bem quando eu perguntei naquela época, mas agora está tudo claro quando eu perguntei há pouco tempo. Eu esqueci que eu mencionei isso no podcast, então pedi que editassem isso pra evitar qualquer confusão futura”. O roteirista ainda comentou que ele e o artista Jason Latour tem a liberdade de criar o que quiserem com a heroína.
História mal explicada, essa. Parece que alguém aí levou uma bronca. E se Rodriguez entendeu algo errado, então alguma recomendação foi feita. Talvez não seja exatamente uma REGRA, mas, sabe... um conselho. “Eu, se você fosse, não ficaria aí fazendo isso”, sabe? ;)
Isso explicaria o porquê do roteirista de Amazing Spider-Man, Dan Slott, continuar criando diversos novos personagens para o Cabeça-de-Teia, inclusive uma nova heroína, a Silk. Nos mutantes, Brian Michael Bendis também introduziu algumas coisas novas, mesmo com os boatos sobre existir uma restrição parecida com os X-Men. Digamos que é gente que não precisa levar tão a sério esse tipo de recomendação.
De qualquer forma, ainda existe uma proibição, sim. “Não podemos usar nenhum Homem-Aranha da Sony”, comentou Dan Slott na San Diego Comic-Con do ano passado, explicando porque Spider-Verse não seria, na prática, um crossover com todas as versões possíveis e imagináveis do Cabeça-de-Teia. No final, Slott conseguiu, meio que nas entrelinhas, botar os Aranhas de Tobey Maguire e Andrew Garfield na HQ, mas ficou faltando a explicação pra proibição.
Provavelmente tem a ver com dinheiro, já que seria justo imaginar que a Casa das Ideias teria que pagar uma grana pros parceiros ao usar uma versão da qual eles são sócios.
Pois é, o acordo com a Sony no final dos anos 90 ajudou a tirar a Marvel do buraco, mas, olha, se naquela época eles soubessem a dor de cabeça que teriam por causa disso hoje em dia...