Em Dezembro, Otto Octavius abandona mais uma vez a identidade de “Doutor Octopus” pra provar que pode ser uma versão ainda melhor de seu arqui-inimigo — só que desta vez não tem nada de mentes trocadas na equação
Em 2013, como parte de sua estratégia constante de torturar o Homem-Aranha ao longo de sua uma década à frente do gibi do herói, Dan Slott atacou de novo, recorrendo ao velho expediente de “vamos matar o protagonista”.
Tudo bem, a gente já sabia que em algum momento Peter Parker voltaria, mais cedo ou mais tarde, isso nem precisaria discutir. Mas pra temperar a despedida, ainda que temporária, o roteirista decidiu colocar uma curiosa figura em seu lugar: ninguém menos do que Otto Octavius, o Doutor Octopus, o seu maior e mais destacado inimigo.
A substituição se deu por meio de uma trama rocambolesca, do tipo que Slott amava: doente e com o corpo decrépito, o genial Octavius enganou Peter Parker e conseguiu trocar as consciências de ambos de lugar. Peter foi parar no corpo do Otto e, enfim, morreu. Já Otto, este sacana, agora tinha todos os poderes de seu rival, sua juventude, sua vitalidade e a chance de mostrar que poderia ser SUPERIOR a ele em tudo, como super-herói, como cientista, como ser humano. Fez um novo uniforme, cheio de traquitanas tecnológicas, concluiu os estudos e tirou o título de doutor, montou uma empresa de renome que chegou a rivalizar com as Indústrias Stark.
Você que nem chegou a ler esta fase, devidamente batizada de Homem-Aranha Superior, deve estar pensando “mas que bosta de decisão criativa”. Sim, concordo. Um começo BEM do horroroso e, vamos ser honestos, uma conclusão bem da besta com um retorno MEH do Pete (cuja consciência tava “escondida” dentro do próprio cérebro).
O grande lance aqui é que o meio, AH O MEIO, isso foi gloriosa e surpreendentemente divertido. Com diálogos certeiros, um dose brilhante de humor e um Otto Octavius no auge de sua arrogância, cada número era garantia de ação e boas risadas enquanto o vilão tentava pagar uma de herói e se relacionava com os coadjuvantes frequentes do personagem (de JJJ a Mary Jane), com seus colegas heróis, com a galeria de vilões que outrora trabalharam com Octopus...
A fase foi tão, mas tão legal, que teve muita gente querendo bis. Graças à loucura espaço-temporal que deu origem ao evento conhecido como Aranhaverso, Slott ainda deu um jeito de trazer o Aranha Superior de volta por algum tempo, fazendo-o não só interagir com as outras dezenas de versões aracnídeas como também com o próprio Peter Parker em pessoa, o original, de volta da terra dos pés juntos mais uma vez. Quando a Marvel mostrou as primeiras artes de Spidergeddon, a nova loucura aracnídea que parece ser continuação direta de Aranhaverso e cujo número ZERO será lançado oficialmente este mês, lá estava o Superior nas artes, para delírio dos fãs.
MAS NÃO É SÓ ISSO! Em Dezembro, que rufem os tambores, o Homem-Aranha Superior não só estará de volta como terá mais uma vez um título próprio, com roteiro do mesmo Christos Gage que vai escrever Spidergeddon, arte de Mike Hawthorne e capas de Travis Charest.
“Eu tive o prazer de trabalhar com Dan Slott nesta incrível passagem do Homem-Aranha Superior — e mal posso esperar para que as pessoas vejam este novo capítulo da jornada de Otto rumo à... redenção? Corrupção? Triunfo? Tragédia?”, provoca Gage, em entrevista ao site da Marvel. “Isso a gente ainda vai ter que ver”.
O primeiro grande arco do Superior terminou com o Otto aprendendo uma valiosa lição sobre poder e responsabilidade e, ao perceber que não poderia derrotar o legado do Duende Verde e salvar sua amada, Anna Maria Marconi, ele abriu de vez as portas para a consciência de Peter Parker voltar. Mas claaaaaaro que um cientista brilhante como ele tinha um diacho dum plano B, fazendo uma espécie de back-up da sua mente num assistente robótico que ficava rondando os laboratórios das Indústrias Parker. Quando começou a igualmente rocambolesca saga A Conspiração do Clone, com a volta do Chacal e a promessa de trazer qualquer morto de volta, Otto ganhou a chance de retomar seu corpo como era originalmente.
No entanto, a tal promessa não passou disso mesmo e o tal corpo começou a se degenerar. Quando finalmente descobrimos que o Chacal era na verdade o antigo clone de Peter Parker, Ben Reilly, outro egresso do mundinho dos mortos, também damos de cara com uma série de experiências que o cara tava fazendo pra criar uma clonagem sem falhas. E então, antes de se desfazer em cinzas, o Doc Ock transfere sua mente para uma duplicata perfeita, um corpo que mistura seu próprio DNA com o de Peter Parker. PRONTO. Otto Octavius virou então o Doutor Octopus Superior, com direito ao uniforme padronizado da Hydra e tudo.
Mas digamos que ele não ficou lá muito feliz de trabalhar lambendo as botas da versão líder fascista do Capitão América em Império Secreto e percebeu que este papo de vilão, de fato, não era mais com ele.
Já se sabe que, em Superior Octopus #1, que sai agora em Outubro, ele se muda pra San Francisco (a cidade que já foi lar de outros superpoderosos egressos de Nova York, como Demolidor, X-Men e a delirante versão Superior do Homem de Ferro) com a missão de colocar seu lado heroico em prática... ainda que usando aquelas técnicas pouco elogiáveis de sua fase como Escalador de Paredes. Daí pra deixar a aparência meio assustadora do Octopus pra voltar a usar a roupa de teia deve ser um pulo.
“Se você pensa que já leu a mais intensa e surpreendentemente emocionante história do Homem-Aranha Superior, prepare-se para estar enganado”, apresenta, com toda a pompa e circunstância, a sinopse oficial. “Otto está disposto a mostrar que é o mais efetivo e melhor herói do mundo. Mas quando um vilão que o supera em muito no que diz respeito a poderes aparece em San Francisco, não tem jeito do Ock vencer, certo? Dá pra você ver o sorrisinho do Otto daí onde você está lendo isso?”. Boa! :D
Gage explica ainda que, desta vez, ele não tá tentando ser um Peter Parker superior, mas sim a melhor versão possível de Otto Octavius. “Isso inclui proteger a cidade, dar aulas na Universidade Horizonte local usando sua identidade secreta de Elliot Tolliver e, claro, fazer tudo muito melhor do que qualquer um conseguiria — que é exatamente o motivo de ele ser o Homem-Aranha Superior”.
Ah, tá bom, blá-blá-blá, você pode ser daqueles que dizem que o grande antagonista do Cabeça de Teia é o Duende Verde, que o Norman Osborn isso e aquilo... Porra nenhuma. Apesar de AMAR vilões como o Kraven e principalmente o Mysterio, nunca duvidei que o Otto fosse o lado mais distorcido de Peter Parker, aquilo que ele nunca se tornou graças ao Tio Ben e à Tia May: um cientista sem escrúpulos, com pouca fé na humanidade, arrogante e ambicioso ao extremo, do tipo que ganhou poderes e jamais entendeu a responsabilidade deles. Pelo menos, até agora.
Desde já, estou esperando ANSIOSAMENTE. <3