Um curioso contraponto pro que os caras fizeram até agora no cinema
Em algum momento do tempo e do espaço, a Warner resolveu que os filmes baseados nos quadrinhos da DC deveriam ser mais “sombrios”, seguindo uma “tradição” iniciada pelo sucesso dos filmes do Batman do Christopher Nolan. Porém, na TV, a história é diferente. Ok, Arrow começou bebendo das mesmas águas do Nolan, mas hoje podemos dizer que o Universo DC da TV é mais claro, com cores vivas e divertido.
E, na próxima temporada, vai ficar mais RISONHO.
O canal NBC encomendou, viu e curtiu o piloto da primeira comédia que se passa no Universo DC (ou MULTIVERSO, se você considerar o que está sendo feito a partir de The Flash). Agora, Powerless vai virar série.
Sim, comédia. E com episódios de 30 minutos, mas num esquema de gravação com apenas uma câmera, mais comum em séries de drama porém usado em comédias como Community, The Office, Malcolm in the Middle, Scrubs e My Name is Earl, entre outras. O método oposto, de múltiplas câmeras, é mais comum em sitcoms como The Big Bang Theory e inaugurado com I Love Lucy — quando os cenários são basicamente os mesmos sempre, etc.
Powerless será basicamente sobre personagens pouco conhecidos do Universo DC e estrelada por Vanessa Hudgens. Ela vai interpretar Emily Locke, uma jovem corretora de seguros na RetCon Insurance, que é especializada em pessoas normais que procuram coberturas contra danos causados por super-heróis. Porém, uma merda acontece e ela se coloca contra um supervilão. De alguma forma, após o confronto a Emily se transforma numa “heroína cult”... mesmo que apenas entre a galera da FIRMA. A partir daí a série constrói a vida de uma pessoa normal que vive uma vida normal num mundo cheio de seres superpoderosos – e no qual esperam algo a mais dela.
Nas palavras do próprio canal, o novo show será um The Office num mundo de super-heróis.
Pode não existir qualquer relação (afinal, os sobrenomes são diferentes, mas isso não quer dizer muita coisa), mas existiu uma Emily nas HQs da DC. Emily Briggs era a Divina, uma das integrantes dos Renegados nos anos 1980.
Além de Vanessa, participam Danny Pudi (o Abed Nadir de Community), Alan Tudyk (Wash de Firefly / Serenity) e Christina Kirk. Quem criou a série foi Ben Queen, que assinou o roteiro de Carros 2.
O conceito lembra de longe – beeeeem de longe – a minissérie Justice League: A Midsummer’s Nightmare, quando os principais heróis da DC acordaram um dia como pessoas normais vivendo num mundo onde boa parte das outras pessoas eram meta-humanas. No começo, a HQ lida justamente com o fato dos antigos heróis se sentirem menores nesse mundo, mesmo querendo fazer alguma diferença.
A série representa a primeira vez que vão levar heróis da DC pro mundo da comédia – quer dizer, da comédia PROPOSITAL, porque ela já esteve lá, no passado. A Marvel Television está também com uma proposta de comédia nesse estilo, chamada Damage Control – e que deve estrear na próxima temporada.
Powerless – e até Damage Control – representa uma oportunidade única de levar pro live action personagens que nunca teriam espaço em outros filmes e séries, gente do PANTEÃO C da editora, sabe? Uma galera como Captain Carrot, El Diablo, Chefe Apache, Batmirim... No próprio piloto temos a presença da Raposa Escarlate, por exemplo. Um tipo de diversidade que funciona nas HQs e, porque não, tem tudo pra funcionar na TV.
Agora, é difícil imaginar Powerless com foco no exato mesmo público de Supergirl e The Flash, muito menos o de Arrow. Obviamente vão rolar umas INTERSECÇÕES de público, mas é clara a intenção da Warner e da NBC em aproveitar a popularidade dos super-heróis pra atrair um novo público pra esse universo.
Uma curiosidade nisso tudo é que, caso Supergirl não seja cancelada ou não mude de canal, teremos pela primeira vez ao menos uma série baseada em personagens da DC em quatro dos cinco principais canais abertos dos EUA — NBC, CBS, Fox e CW. ABC fica de fora, claro, por ser da Disney.
Essa coincidência toda teria acontecido antes, mas como a própria NBC cancelou Constantine... Quem sabe Powerless tem uma sorte melhor, né?