O plano da Universal para o seu mundo de monstros continua de pé | JUDAO.com.br

Luke Evans, o Drácula, deu a letra que o papo de bastidores sobre um universo compartilhado continua, sendo que o filme da Múmia com o Tom Cruise até já foi rodado :)

Universo coeso, universo compartilhado, essa coisa que faz os olhinhos de Hollywood brilharem quando percebem que um filme tem ligação com outro e todo mundo quer assistir a tudo, sem precisar ficar fazendo sequência desnecessária (que, bom, eventualmente acontece). Pra galera de gravata lá na Califórnia, é quase tão importante quanto uma FRANQUIA, algo que absolutamente TODOS os estúdios perseguem hoje em dia (até os personagens da Valiant tão entrando nessa) e que, enfim, só a Disney consegue ter funcionando direitinho.

Nada de novo, porém. Os tais Monstros da Universal já funcionavam mais ou menos assim láááá no início do século, chegando até mesmo a se cruzar em filmes como A Casa de Frankenstein (1944) e A Casa de Drácula (1945). A questão é que esses clássicos existem apenas e tão somente em caixinhas em algumas prateleiras espalhadas pelo mundo, não rendendo milhões e milhões de dólares em bilheterias e licenciamentos (ainda que a Funko tenha produzido uma série de bonecotes baseados nos monstrengos).

Um papo para a REVITALIZAÇÃO desse universo tá rolando desde 2013, quando foram anunciados os reboots de A Múmia e Van Helsing. Desde então, a dupla Chris Morgan (roteirista da franquia Velozes e Furiosos) e Alex Kurtzman (responsável pelos roteiros de Transformers e d’O Espetacular Homem-Aranha 2) vem reunindo nomes como Noah Hawley (criador da série Fargo), Jon Spaihts (Prometheus) e Eric Heisserer (Quando as Luzes se Apagam) para formar o seu brain trust, o seleto grupo de criadores responsável por dar forma a este mundo único.

Se eles conseguem colocar o Capitão América numa mesma cena junto com o Homem de Ferro e o Thor, definitivamente dá pra misturar o Lobisomem, o Homem-Invisível, a Múmia e o Drácula num mesmo filme

Porém, pouco tem sido falado nos últimos meses sobre esta união entre eles. Aí, os caras do LRM aproveitaram que iam sentar com Luke Evans, o Drácula do mais recente filme do soberano da Transilvânia lançado justamente pela Universal, pra falar sobre seu papel na adaptação para os cinemas do livro A Garota no Trem e questionaram em que pé a ideia está, de fato.

“Estão rolando umas conversas a respeito. Acho que é bem empolgante esta coisa de juntar todos os monstros que eles tem. Não sei como eles vão fazer, mas acho que vai acontecer, eles estão trabalhando em como estes monstros interagem entre eles e como acabam indo parar no mesmo lugar juntos”, disse o ator. “Mas se eles conseguem colocar o Capitão América numa mesma cena junto com o Homem de Ferro e o Thor, definitivamente dá pra misturar o Lobisomem, o Homem-Invisível, a Múmia e o Drácula num mesmo filme”.

Drácula

Drácula: A História Nunca Contada, de 2014, no qual Evans vive o conde Vlad Tepes, é beeeeeeeeeeeeeem menos filme de terror e mais aventura, tratando o vampirão com uma pegada super-herói numa ambientação épica tipo Senhor dos Anéis. O resultado é que o personagem ganha contornos mais simpáticos, tornando-se bem mais um anti-herói amargurado do que uma criatura das trevas que passa suas noites em busca de sangue. E a trama, que se encerra mostrando o Drácula nos dias de hoje, mostra claramente que o mestre dos vampiros vivido por Charles Dance (o Tywin Lannister, que tem esta eterna cara de velhinho macabro) pode ser o Nick Fury / Claire Temple da vez. Logo, o filme teria como se encaixar como “capítulo 0” neste universo compartilhado...se, claro, não tivesse tido um resultado bem do meia-boca nas bilheterias, né. Vamos levar em consideração que isso pode ser fator determinante para a Universal pensar num outro Drácula.

Uma “reimaginação dos mitos das trevas para uma audiência contemporânea”, de acordo com descrição da poderosa da Universal, Donna Langley, durante uma mesa-redonda do EW, o tal universo compartilhado deve se passar todo nos dias de hoje, misturando terror com outros gêneros como aventura e uma pitada de comédia.

Imagem do set de A Múmia, dando uma ideia de como serão as coisas (é ela ali, sim)

Imagem do set de A Múmia, dando uma ideia de como serão as coisas (é ela ali, sim)

A Múmia será o primeiro desta nova leva a estrear, em 9 de Julho de 2017. Com direção do próprio Kurtzman e roteiro de Spaihts, a história fala sobre uma rainha do antigo Egito (Sofia Boutella, a Jaylah de Star Trek: Sem Fronteiras) que foi injustiçada em sua época e que, nos dias de hoje, é acordada de uma cripta no deserto, trazendo um terror alimentado depois de muitos milênios para ATORMENTAR A HUMANIDADE.

Além de Tom Cruise no papel de um certo Tyler Colt – que, segundo consta, deve ser o protagonista especializado em combater seres sobrenaturais – também teremos a participação de Russell Crowe como o Dr. Henry Jekyll, aquele que se transforma num tal Mr.Hyde, lembra? ;)

A seguir, a Universal tem em seu cronograma de lançamentos dois Untitled Universal Monster em datas dos anos seguintes: 13 de Abril de 2018 e 15 de Fevereiro de 2019. Aquela que parece ser a produção mais recente de acordo com as informações e, portanto, a que melhor se encaixa nesta data de 2018 é o Homem-Invisível, que terá roteiro de Ed Solomon (MIB: Homens de Preto) e Johnny Depp no papel principal (com base no que descobrimos sobre ele depois de seu divórcio, talvez ficar invisível fosse mesmo uma opção mais viável pra ele).

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Em breve, num cinema perto de você. Ou quase isso. ;)

Os outros filmes, todos sem datas confirmadas, são o do Lobisomem, que deve ignorar aquele de 2010 com o Benicio Del Toro e que, com roteiro de Aaron Guzikowski (Os Suspeitos), estaria negociando com Dwayne “The Rock” Johnson para o papel principal; o do caçador de vampiros Van Helsing, com roteiro de Spaihts & Heisserer e de alguma forma inspirado no recente Mad Max de George Miller; o Monstro da Lagoa Negra, escrito por Jeff Pinkner (também de O Espetacular Homem-Aranha 2) e que teria uma conversa preliminar para ter Scarlett Johansson no elenco; e A Noiva do Frankenstein, que além do roteiro do veterano David Koepp (Jurassic Park, Missão: Impossível), tem o desejo de trazer Angelina Jolie para ser a tal noiva do título.

Além disso, tudo indica que Javier Bardem estaria fechado para ser ninguém menos que o próprio monstro de Frankenstein, depois de negar o papel de Jekyll que caiu no colo do Crowe.

Seja como for, o grande ponto aqui é: como reunir esta galera toda num futuro filme de grupo sem parecer uma pataquada como aquele filme da Liga Extraordinária ou, quem sabe, aquele Van Helsing bisonho com o Hugh Jackman? O risco de ultrapassar a linha e se tornar uma filial live-action do Hotel Transilvânia é BEM grande. Talvez eles sejam retratados como “anti-heróis” na pegada do Esquadrão Suicida, lutando contra seus próprios pecados e reunidos para deter um mal maior? Pode ser uma saída.

Que Morgan, Kurtzman e sua trupe de roteiristas tenham pelo menos uma coisa bem clara em mente, no entanto: é preciso se focar não em bons filmes como parte de um universo compartilhado, mas em bons filmes. PONTO. Eles devem funcionar sozinhos, enquanto histórias isoladas e não apenas como capítulos/pontes para uma obra maior. Batman vs Superman que o diga. ;)