Conversamos com o elenco do filme durante a Comic-Con 2016 e, embora os corações dos fãs das antigas possam ficar tranquilos, é bom saber que o filme tem um outro público alvo (e uma justificativa meio mais ou menos pras armaduras, boob plates e saltos-altos)
Enquanto Rita Repulsa dava um tempo em suas VILANIAS e se preparava pra visitar o Rio durante a Olimpíada e beber um Skol enquanto torcia pro Team USA, o JUDÃO aproveitou um outro evento de importância semelhante pra conhecer um pouco mais os novos Power Rangers, que chegam aos cinemas em Março do ano que vem.
Infelizmente não fomos à Alameda dos Anjos, mas encontramos Becky G (Trini, a Ranger Amarela), Dacre Montgomery (Jason, o Ranger Vermelho), Ludi Lin (Zack, o Ranger Preto), Naomi Scott (Kimberly, a Ranger Rosa) e RJ Cyler (Billy, o Ranger Azul) em San Diego, durante a Comic-Con pra uma entrevista EXCLUSIVA.
Se primeira impressão é a que fica, a sintonia do quinteto é tão legal que já dá aquele conforto aos corações dos fãs mais saudosistas. “Nós somos moleques que nem outras crianças por aí; você tem que descer pro play, se sujar e conhecer uns aos outros, e no filme nós definitivamente passamos por isso. Nós passamos por dificuldades e desafios juntos, dentro e fora das câmeras, e isso possibilitou que nos tornássemos um time. O filme é sobre essa diversidade, pessoas de lugares e culturas diferentes se juntando, se conhecendo e formando uma amizade”, disse Lin. “Cada um de nós tem algo único, novo e interessante para trazer. Temos coisas diferentes a oferecer como seres humanos”, acrescentou Montgomery, no melhor estilo Ranger Vermelho, me fazendo bater palminhas de fangirl por dentro.
Eu sou fã de Power Rangers. Posso não fazer ideia do que está acontecendo atualmente, mas fiquei nessa fase por um bom tempo. Parei no Dino Trovão, lá em 2004, quando o lindo do Tommy voltou como Dr. Oliver e quase me matou do coração e entendo que é difícil falar pra nossas cabeças pararem de fazer analogias – eu insisto em chamar o personagem do Ludi Lin de Adam (o segundo Ranger Preto, que era asiático), por exemplo. Mas os rangers do diretor Dean Israelite estão aí justamente pra isso: pra nos trazer pra um novo mundo, e atualizar nossas idéias que ainda estão travadas lá nos anos 90. “Quando éramos crianças, nós mostrávamos aos amigos nosso próprio jeito de ser um Power Ranger, né? E agora eu posso colocar o MEU Billy à mostra e isso é irado!”, se empolgou RJ. “Nós tivemos a oportunidade de adicionar mais camadas aos personagens e cada um tem mais profundidade. Eu decidi não assistir muito à série original porque queria um ar mais fresco pra Kimberly. A base da personagem já tava ali no roteiro, e em cima disso eu tive a oportunidade de criar algo novo”, explicou Naomi.
Eu nunca entendi o spandex muito bem. Lembro que, quando criança, eu ficava sem entender como é que saíam faíscas de pano e isso me incomodava horrores. Curti os Rangers finalmente terem uma armadura de verdade – apesar de ter minhas ressalvas, como com a coisa dos peitos e saltos-altos nas meninas. Mas a explicação dada por Naomi meio que deu sentido às mudanças: “essas armaduras crescem da gente, são quase que parte da nossa genética”. Não sei como isso vai ser explicado, mas aguardemos o filme sair antes de começar a reclamar, né mesmo? Por enquanto, eu dou pontos pro fato de a armadura ser algo que realmente os protege em batalhas e de os capacetes terem uma abertura no rosto, assim eles não precisarem ficar segurando suas “próprias cabeças” embaixo do braço enquanto conversam com o Zordon, lá no Centro de Comando.
E aí é a hora em que nós, as crianças de ontem, temos que soltar a bola e deixar as crianças de hoje brincar. Power Rangers não é um filme pra gente. Claro, vão rolar uns easter-eggs, como confirmaram os atores, pode ser que role uns cameos (quando perguntados, eles desconversaram, mas eu fiquei com a sensação de que veremos rostos conhecidos, sim)… e é isso! A parte feita pensando na gente acaba aí!
Talvez nós não sejamos o que as pessoas estão esperando, mas a história tem o necessário da essência dos Power Rangers originais, pros fãs antigos ainda estarem empolgados com o filme
Na época que saiu aquele curta de Power Rangers com o James Van Der Beek, o Jason David Frank (Tommy, que já foi rangers verde, branco, vermelho e preto) fez um vídeo dizendo que não curtiu muito aquela coisa R-rated que fizeram, e o que ele disse pode ser utilizado pra esse filme da Lionsgate também: “é irado que adultos ainda amem (Power Rangers) e queiram coisas pra eles, mas ainda temos que pensar nas crianças que querem assistir aos Power Rangers. (…) Nós temos que ser responsáveis de saber que isso ainda é uma marca para crianças”, opinou Jason, que ainda terminou dando a dica de que queria levar Tommy pro filme (isso foi em 2014, oremos para que seu pedido tenha sido atendido).
Segundo Lin, “os personagens são mais reais e relacionáveis (pras crianças e adolescentes) e a gente precisou ir mais a fundo pra trazer isso pra tela”. Dacre contou que foi curioso interpretar Jason porque em sua época de ensino-médio, ele era o completo oposto: “ele é o capitão do time de futebol americano, tem muitos amigos, e eu era o menino gordo, que era zoado e não tinha amigos, que não fazia nenhum esporte. E foi interessante trazer essa perspectiva pro Jason, ter essa vulnerabilidade; ser o cara que tá procurando se relacionar com pessoas de grupos diferentes na escola”.
“Talvez nós não sejamos o que as pessoas estão esperando, mas a história tem o necessário da essência dos Power Rangers originais, pros fãs antigos ainda estarem empolgados com o filme” afirmou Becky. “Eu penso nos meus primos mais novos, assistindo aos Power Rangers não fazendo idéia do que rolou há 20 anos, mas também se apaixonando por esses personagens”, ressaltou. Naomi completa dizendo que “cada personagem passa por coisas que adolescentes reais de 17 anos passam, e têm coisas específicas no filme, como cyberbullying, e cada um tentando achar sua própria identidade, que são universais pras crianças de hoje em dia”.
Eu sei, eu também fiz cara feia, resmunguei, mas entendi que ninguém tá tentando me agradar. Power Rangers ainda é um programa vivo na TV, e as crianças curtem da mesma forma que a gente curtia. Eles compram bonecos, brincam de ser Rangers na hora do recreio, brigam quando um colega quer ser o seu personagem preferido… e agora eles vão conhecer a história que um dia foi nossa e poder brincar de serem Kimberly, Jason, Zack, Billy e Trini também.
Sei lá, em vez de separar, pensa que agora você tem mais um assunto pra conversar com as crianças que estão na sua vida. Vai lá curtir ver o Heisenberg ser o Zordon e morrer de fofura com o Alpha, que só isso já deve ser o suficiente pra amolecer a alma de qualquer resmungão. :)