Depois de começar a carreira trabalhando nos bastidores do cinema independente, Tom Rothman ajudou a fundar o selo Fox Searchlight e então acabou na Fox, onde trabalhou como CEO durante quase 20 anos, tendo como chefe ninguém menos do que Rupert Murdoch. “Não importa se você compartilha de sua visão política – e eu não compartilho – é fato que o cara entende o conceito de risco criativo. Ele tem coragem e acredita em suas convicções”, diz ele, em entrevista ao THR, fazendo um balanço de seus 15 meses à frente da Sony.

Muito por conta desta postura, que carregou consigo para a vida, Rothman foi escolhido como sucessor de Amy Pascal, segurando a bucha depois de uma série de resultados questionáveis nas bilheterias e de tretas monumentais como o #SonyHack. Muita gente no mercado achou particularmente preocupante que um cara que estava à frente da Fox justamente em alguns de seus momentos mais frustrantes no que diz respeito à filmes baseados em HQs (aka Demolidor, Quarteto Fantástico e o terceiro X-Men da primeira trilogia, caso não tenha ficado claro) fosse ser o sujeito que tocaria o ressurgimento da franquia do Homem-Aranha.

Bobagem. Sabe por que? “Eu quero fazer dinheiro”, diz ele. A frase é clara. E é dita ao THR justamente quando o executivo é questionado sobre a parceria com a Marvel.

Bom, sabe quem tá fazendo muito dinheiro com filmes baseados em HQs? A Marvel. Sabe quem tem os direitos de um personagem amado e querido em todo o mundo? A Sony. Sacou a matemática? “Algumas vezes você faz dinheiro cortando custos e outras investindo pesado em coisas que dão lucro. Claro que um filme como Homem-Aranha não é barato. Mas é um grande investimento. Sabendo que a Marvel tem uma visão criativa tão clara, eu durmo muito tranquilo à noite”.

Eu também dormiria. Ainda mais depois de ver toda a repercussão positiva à aparição do personagem em Capitão América: Guerra Civil. Assim sendo, é claro que viria uma determinada pergunta. Spider-Man: Homecoming já começou a ser rodado, estamos aqui cheios de expectativa... mas a Sony tem planos para trabalhar mais com a Marvel? Talvez criar um “Aranhaverso” em parceria com a Casa das Ideias? O cara nem TITUBEIA na resposta. “Sim, para ambas as perguntas. Nosso relacionamento com a Marvel tem sido fantástico”.

Rothman ainda deixa claro como é a divisão de trabalho. “No fim do dia, é a Sony que bate o martelo e tem a autoridade final sobre tudo. Mas a liderança criativa ficou com a Marvel, porque eles sabem exatamente o que estão fazendo”. AMÉM.

Vamos lá: a gente já sabia que a Sony tava com sangue nos olhos pra criar um universo cinematográficodo Homem-Aranha. Teve a história do filme do Sexteto Sinistro, do Venom, do tal spinoff com uma personagem feminina. Justamente agora que eles estão nesta parceria com a Marvel e tudo parece estar caminhando para dar certo, por que diabos eles não aproveitariam a deixa para retomar pelo menos parte dos planos e ainda fazer uso de eventuais crossovers com os personagens que estão nas mãos da Disney? Só sendo muito burros para, no mínimo, não levar a hipótese em consideração! :D

Um primeiro passo, aliás, já pode ter sido dado: na edição mais recente do Meet The Movie Press, Jeff Sneider, do Wrap, disse que suas fontes lhe garantiram que a roteirista Abi Morgan (Shame, A Dama de Ferro, As Sufragistas) estaria sendo sondada pela Sony para escrever um filme da Silver Sable. E mais: Simon Thompson, que escreve sobre entretenimento no site da Forbes e também participa do programa, ainda disse que estava rolando um papo de que Eli Roth poderia ser um diretor em potencial para a produção (?!?!?!?!?!??!?!?!?!?!?).

Criada em 1985 por Tom De Falco e Ron Frenz nos gibis do Homem-Aranha, Silver é uma mercenária da nação fictícia da Symkaria, vizinha da Latvéria (que é governada por você sabe quem). Sem superpoderes, ela atua como CEO da Silver Sable International e fez fama como caçadora de criminosos de guerra. Basicamente, uma anti-heroína, do tipo que faz justiça com as próprias mãos e que não costuma seguir nenhuma regra além das suas próprias e, justamente por isso, sempre se envolveu em tretas com o Cabeça de Teia quando seus caminhos se cruzaram, já que ele tem toda aquela coisa de grandes poderes, grandes responsabilidades.

Estamos falando, portanto, de uma personagem que tem um clima diferente do Aranha e pode ser uma pegada diferente a este novo universo que vai se formando NOUTRO canto da Marvel. Ou quase isso.

Ainda que, em março deste ano (portanto, pouco antes da estreia de Guerra Civil), o próprio THR noticiou que a Sony estaria retomando os planos para um filme do Venom, que até já teria também um roteirista contratado: Dante Harper (No Limite do Amanhã). A produção ficaria a cargo de Avi Arad e Matt Tolmach e, pelo menos na época, os planos seriam que o herói simbiótico ganhasse sua própria franquia nos cinemas, sem relação direta com o Homem-Aranha.

Nada foi dito a respeito deste projeto até então – e TAMPOUCO qual seria a encarnação do Venom que seria trabalhada, se o vilão maníaco, se o anti-herói psicótico ou o ex-valentão do colégio trabalhando como agente do governo (no caso, a atual nos gibis).

Por mais que esta nova franquia do Venom se desenvolva como algo à parte do mundo de Peter Parker, acho muito difícil, talvez quase impossível, que o resultado seja tão ruim quanto aquele que vimos em Homem-Aranha 3. Afinal, tendo a Marvel como parceira em um projeto logo ali na esquina deve ajudar a dar um mínimo de EXPERTISE de como se deve fazer um filme decente baseado em um personagem de gibi, não importa de que gênero estejamos falando.

Agora... Produção de Avi Arad com controle criativo da Marvel? Senta lá. :)