Este é um bom resumo para a chatíssima Kirikou – Os Homens e As Mulheres
Escrito e dirigido pelo francês Michel Ocelot (que não tem nenhum parentesco com um certo vilão do game Metal Gear Solid), Kiriku – Os Homens e As Mulheres, que chega ao Brasil com quase três anos de atraso (o filme é de 2012), é o terceiro filme da série que conta as aventuras do pequeno Kiriku, o menino africano que nasceu andando e falando.
O animado é dividido em cinco pequenos contos, apresentados sempre pelo avô de Kiriku, um sábio africano.
Essas histórias são mostradas como grandes aventuras nas quais o menino Kiriku sempre está pronto para ajudar homens, mulheres (eis a única maneira de justificar o título meio bizarro do filme, traduzido de maneira literal do original em francês) e as crianças da vila onde mora com sua mãe.
No final essas “desventuras” nada mais são, em sua maioria, do que problemas corriqueiros... e que são de bocejar.
Sim, o filme é chato. BEM chato. Eu mesmo quase apaguei no cinema, mais de uma vez. A narrativa é lenta, o storytelling é fraco e sem grandes grandes acontecimentos, isso sem falar na animação em CGI extremamente maçante.
Outro exemplo: a feiticeira Karaba, a grande vilã dos outros filmes da série, aqui nada mais é do que uma vizinha chata, que se irrita com qualquer coisa que acontece na vila ao lado de sua cabana, onde Kiriku vive com sua mãe. Todos morrem de medo dela, e em muitas situações os moradores estão tentando acalmar a vilã ou mesmo resolver algum problema para que Karaba não se irrite com eles, mas não há nada durante todo o filme que justifique todo esse temor.
Ok, não vou mentir: vi essa terceira parte sem ter visto os dois filmes anteriores.
E Os Homens e As Mulheres deixa no ar essa sensação de “acho que perdi alguma coisa”. Então lá fui eu correr atrás do prejuízo. E após eu assistir Kiriku e a Feiceira, de 1998, e Kiriku 2 – Os Animais Selvagens, de 2005, entendi melhor o universo de Kiriku, e cheguei a uma conclusão: os filmes anteriores, principalmente o primeiro, são melhores que Os Homens e As Mulheres. Mas não tanto assim.
Na verdade, não entendi até agora a necessidade de se fazer outros dois filmes, já que ...E A Feiticeira encerra bem a história do menino. Os outros dois filmes são praticamente “contos perdidos”, que não fazem diferença nenhuma e só estão ali para encher linguiça – e ganhar dinheiro, claro, pois o primeiro filme foi um grande e inesperado sucesso.
Os Homens e As Mulheres (escrevendo assim, até parece o quarto volume da série de livros Millenium, do falecido escritor Stieg Larsson), assim como os filmes anteriores, merece destaque não só pelo tema nada comum em animações comerciais – o folclore e cultura africanos – mas também pela representação dos personagens, já que as mulheres passam o filme com os seios de fora e as crianças totalmente nuas.
Mas a questão da nudez, que pode até chamar a atenção em uma primeira vista, logo é esquecida, pois é tratada com delicadeza e como algo completamente natural, sem qualquer malícia, como era a norma na África pré-colonial (e também com um certo país latino-americano antes da colonização, não sei se você se lembra...). Agora adivinhem qual país adiou o lançamento do filme em quase 4 anos por causa disso? Vou dar uma dica: é aquele que fica abaixo do Canadá e acima do México. :-D
Há pontos positivos, claro: em um dos contos de Os Homens e As Mulheres, a questão do preconceito é abordada, pois uma criança Tuaregue aparece na vila e, com sua pele mais clara e usando vestimentas, todos na vila o tratam como uma pessoa doente, até a mãe de Kiriku chegar e explicar a situação. Em outro, falam sobre sacrifício e trabalho em conjunto.
Kiriku é um personagem carismático e divertido, que parece a versão humana do Scooby Loo (sim, o sobrinho do Scooby Doo que não tinha medo de enfrentar os problemas) já que ninguém na vila coloca muita fé nele, e ele sempre resolve os problemas de todos, que agradecem e parecem esquecer tudo para a história seguinte. :-)
Mas de boas intenções o inferno tá cheio.
Tema interessante e cultura riquíssima desperdiçados em filmes chatos. Não foi dessa vez. Eu sinceramente assistira Divertida Mente de novo ao invés desse filme. Opa, espera: eu já assisti de novo! :-D
E só não valeu mais a pena pois a dublagem em português não está lá essas coisas. Mas isso já é outro assunto... :)