O filme é fraco. Mas a experiência pode ser interessante e bastante divertida. Serião. :D
Terremoto: A Falha de San Andreas é um filme fraquíssimo. Mesmo que seja um disaster movie e que a ideia do diretor Brad Peyton tenha sido focar 100% no entretenimento, não dá pra dizer que seja um filme divertido.
Os trailers mostram boa parte das cenas que deveriam tirar o fôlego de quem assiste, é verdade, mas nem é por isso que elas não funcionam na telona: basta acompanhar o momento em que The Rock e Carla Gugino enfrentam o tsunami, num TECO-TECO aquático, como se estivessem tentando passar a arrebentação do glorioso mar de São Vicente, ali pertinho do Ilha Porchat.
Com um roteiro de umas oito páginas, estourando a boa vontade, são raríssimos os momentos em que a história te carrega junto com ela. O filme ATÉ DÁ uma pincelada, bem de leve, no que está acontecendo nos EUA enquanto a Califórnia se torna uma ilha, mas ficamos a maior parte do tempo dentro de lugares — helicóptero, carro, restaurante, avião, prédios, loja –, o que não ajuda em nada na ideia desesperadora de que, bom, uma porra de um terremoto de 9,6 pontos na escala Richter teria consequências GLOBAIS.
You know, DISASTER movie.
E... Sério mesmo que o pessoal vai em direção ao mar, depois de um terremoto? Como diz o personagem de Paul Giamatti, uma das coisas que funcionam no filme, ninguém dá ouvido aos cientistas até que alguma merda aconteça.
Mas Terremoto: A Falha de San Andreas tem pelo menos três coisas realmente interessantes — daquelas pra se prestar atenção e ficar de olho no futuro.
A primeira delas é Blake, a personagem de Alexandra Daddario. Confesso que talvez seja mais um lado Poliana falando, um que tá tentando encontrar coisas boas num MAREMOTO (sem trocadilhos) de ideias antiquadas, mas... Achei a personagem bastante interessante.
Quando conversei com ela, no set do filme, na Austrália, ela afirmou que gostou da Blake porque pensa que ela é “uma personagem bem forte, um exemplo feminino, durona, forte, inteligente, mas também uma garota normal, então eu acho que dá pra se identificar bem fácil com ela”. E... não é que é mesmo?
Depois que o terremoto atinge San Francisco, ela passa o tempo todo esperando o pai vir resgatá-la, é verdade. Mas ela só consegue sobreviver, junto dos irmãos Ben (Hugo Johnstone-Burt) e Ollie (Art Parkinson) — que, se não fosse por iniciativa dela, jamais teriam trocado sequer um “Oi” entre eles — por conta dos recursos que ela tem. Onde conseguir suprimentos, comunicação, o que fazer quando alguém se machuca, pra onde ir, como chamar a atenção de dentro de um prédio já que ninguém fora de lá consegue ouvi-la.
De uma certa maneira, ela é a “dama em perigo” e, em determinado momento, o filme descamba pra esse lado desesperada e infelizmente, mas, no geral, eis uma prova de que as coisas podem ser, tranquilamente, diferentes.
Outra parte boa de Terremoto: A Falha de San Andreas é Art Parkinson, o garoto que interpreta o Ollie e que você, provavelmente, conhece como o Rickon Stark de Game of Thrones. Não entendi até agora porque acharam legal a ideia de em um ÚNICO momento do filme fazê-lo sentir medo e se desesperar, numa cena que qualquer bom diretor tiraria na edição; mas queria muito que o moleque fosse meu filho. :D
Com apenas 13 anos — doze, na época em que o entrevistamos no set do filme — o Art claramente estava se divertindo com aquilo tudo, ainda que, por ser um sujeitinho bem treinado, tratasse tudo sempre muito profissionalmente. Pela primeira vez filmando fora da Irlanda, onde nasceu, brincou sobre seu treinamento pra encarar um Tsunami (“Não consigo ficar em pé numa piscina muito funda, mas treinei um pouco de mergulho. Eu fiquei nadando numa banheira, tipo Weeee!”) e contou que a melhor coisa da Austrália, pra ele, é uma loja daquelas de 1.99. “Você encontra varas de pescar, comida, picolés, doces. É tudo que uma criança precisa, não? É tipo ‘AAAAH!’. Tantos doces!”.
Art ainda veio, empolgadíssimo, mostrar uma foto sua com um canguru que ele encontrou num parque. “Eu tava fazendo carinho nele, aí ele se virou e ficou me beijando por uns 30 segundos”, contou, todo meninão. “E meu irmão também pisou numa cobra, outro dia”.
Austrália... :D
Eu sei, admito e aviso que tanto a personagem de Alexandra Daddario quanto Art Parkinson não valem o ingresso pro filme, seja o preço que for. Talvez nem o nosso esforço de sair de casa. São duas coisas que é bom saber que existem, pelo menos, em Hollywood — ou tão começando a existir, de alguma maneira. Só.
Mas se você tiver a chance de assistir a Terremoto: A Falha de San Andreas em 4D... Faça um favor a si mesmo e pague o que precisar — no caso da sala paulistana, $70 a inteira. Mas é uma experiência do Sr. Carvalho.
O filme não melhora em NADA pelo fato de você estar numa cadeira tremendo, indo pra frente, pra trás, girando, tomando uns sopros na cara, sentindo cheiro de queimado, no meio da fumaça; mas a experiência, sim. É REALMENTE divertido sentir tudo tremendo no meio do terremoto; é REALMENTE divertido sentir o vento na cara e os movimentos do helicóptero, tomar uns sustos, uns trancos. São quase 2h nesse ritmo que, repito, valem o ingresso.
Mas, veja: a EXPERIÊNCIA. Eu nunca tinha assistido a um filme desse jeito e tenho quase certeza de que eu só quero ver filmes assim, a partir de hoje. “Filme é ruim? Foda-se, foi divertido pra caralho! YAY!”.
Terremoto: A Falha de San Andreas é ruim? Foda-se, foi divertido pra caralho. YAY!