Mattel anuncia Barbies altas, baixas, magras, CURVILÍNEAS, cabelo colorido, liso, crespo, designer de games… Mas tudo bem se você quiser ser a Mônica. :)
Desde que surgiu lá no comecinho da década de 60, a Barbie se consolidou como um ícone pop da moda, beleza e até mesmo comportamento. Os meninos brincam com carrinhos, as meninas brincam de boneca. Uma boneca branca, loira, de pernas longas e cinturinha fina. Mas é só uma boneca, certo?
Representando um padrão de beleza meio surreal, a Barbie reproduz e ajuda a consolidar o esterótipo da mulher perfeita que mora em um mundo cor de rosa, é bem sucedida e vive feliz com o seu namorado alto e bronzeado. Não existe nada errado em namorar o Ken e dirigir um New Beetle conversível rosado, e você não precisa fazer isso, se não quiser. O problema é que existe uma imposição estética tão grande – que aparece na mídia, na família, na escola – que nem mesmo os brinquedos conseguem escapar. E basta uma busca rápida no Google por Barbie ou Ken Humano pra saber que não, não é exagero. Somos bombardeados por esses padrões de beleza desde tão cedo que, muitas vezes, para nos encaixarmos a eles, nos submetemos a centenas de procedimentos estéticos para parecer uma boneca de plástico.
Em um processo lento, a Mattel tem colocado no mercado bonecas que desconstroem esse padrão, além de campanhas publicitárias bem legais, que mostram que assim como suas bonecas, as meninas podem ser o que quiserem. A linha Barbie Fashionistas existe desde 2009, mas foi em julho do ano passado que bonecas com diferentes tons de pele, cores de cabelo e com os pés achatados para não precisarem usar salto (ufa!) começaram a ser produzidas. E para 2016, as fashionistas vão ganhar novas formas: Barbies altas, baixas e CURVILÍNEAS (não, elas não são gordas) ampliam o catálogo da Mattel, que no último dia 28 mostrou ao mundo suas 33 novas possibilidades, que incluem vinte e dois tipos cabelos coloridos, crespos e lisos.
A gente já passou da época de brincar de boneca, mas já imaginou que legal brincar com Barbies que parecem com suas amigas? Em tempos que ser alta, loira e magra ainda é tão importante, conseguir se enxergar em um ícone da cultura pop pode não ser grande coisa pra quem já é adulto e não brinca mais de casinha – mas você já viu a felicidade do menino que se viu no boneco do Finn, de Star Wars?
A cultura pop tem muita personagem feminina, tem sim. Mas quantas delas são sexualizadas? Quantas bonecas da Viúva Negra ou da Mulher Maravilha você já viu por ai? Quantas protagonistas são questionadas por serem perfeitas demais enquanto é OK o pior defeito de um cara ser sua vulnerabilidade a um mineral?
Mesmo que a passos curtos, o mercado tenta acompanhar as mudanças do mundo. Não dá pra esquecer os milhões de dólares que circulam na indústria infantil, e lembrar que antes de ser um ícone ou um modelo, a Barbie é um produto. Um produto que vem perdendo espaço para tablets, brinquedos mais tecnológicos e até outras bonecas. A própria Mattel reconhece que essa guinada da diversidade trabalha principalmente com ações de marketing voltados a mães, que enxergam em mulheres como a Christina Hendricks e ou Kim Kardashian uma beleza que não se encaixa na Barbie. Em tempos que até as revistas de moda – aquelas mesmas que ditam como seu corpo deve ser e como temos que nos comportar – começam a rever suas posições sobre diversidade e representatividade, é normal (e louvável) que essas discussões saiam do Facebook e alcancem as prateleiras de bonecas nas lojas de brinquedos.
Está longe de ser o ideal ou o suficiente, mas ja é um bom começo.
A gente não precisa se espelhar numa boneca. Já temos várias mulheres – fictícias ou reais – com as quais podemos nos identificar, ter empatia e criar laços. Podemos ser a Rey, a Leia, a Jessica Jones, a Annelise Keating, a Elsa ou Anna, a Mônica, a Mulan, e – porque não? – até a Barbie. O melhor, na verdade, é que podemos ser nós mesmas. Com diferentes alturas, curvas, cores, vontades e profissões.