Glenn Close também tá se esforçando pra entender a nova Hollywood | JUDAO.com.br

Em entrevista, ela falou sobre a demissão de James Gunn, papéis de pessoas trans em filmes e, sem grilos, mostrou que tenta entender todos os lados dessas histórias.

A gente anda tendo discussões muito boas em torno da indústria cinematográfica ultimamente. Cada vez mais vamos negando aquela COISA de que são ~intocáveis os artistas e profissionais de Hollywood e gostamos de ver atitudes e falas sobre as questões complicadas que surgem por lá. E COBRANÇA de um posicionamento parte de uma vontade grande de se identificar com nossos ídolos. Mas e quando eles mesmos ainda estão formando suas opiniões?

Glenn Close mostrou pra gente que, assim como nós, tá querendo mesmo é entender TUDO o que rola, sem sentir que precisa ficar de um lado PERMANENTEMENTE e sem levar em conta todos os envolvidos. Em uma conversa ao podcast da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, o The HFPA In Conversation, a atriz estava promovendo seu novo filme, The Wife, e conversou sobre sua carreira e falou também sobre as últimas polêmicas envolvendo Scarlett Johansson e James Gunn.

Glenn protagonizou o filme Albert Nobbs em 2011. Ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz por interpretar uma mulher que, para conseguir arranjar um emprego na sociedade conservadora irlandesa, decide viver sua vida como um homem. Close conta que Albert nunca foi encarado por ela como transgênero: “Há quem diga que tratava-se de um homem trans ou uma mulher lésbica, mas acho que não era nada disso”, disse. “Sempre pensei nela como uma mulher se disfarçando. Nunca a vi como um homem ou como alguém que tenta ser um”.

E por ter trabalhado com esse tipo de personagem, ela foi questionada sobre aqueeela história toda que Scarlett Johansson se meteu ao aceitar interpretar um personagem trans. “Acho que produtores e diretores de narrativas como aquela precisam se esforçar para dar papéis a atores e atrizes trans. Mas penso também que eles deveriam ter a oportunidade de poder escalar o profissional que julguem ser melhor para o personagem.”

Para Glenn, em um momento mais utópico, todos os tipos de atores poderão interpretar todos os tipos de personagens. No entanto, sabe muito bem que não dá pra fazer isso ainda, já que compreende também a frustração e a luta para que pessoas marginalizadas tomem espaço na indústria: “Eu entendo o porquê dessa necessidade intensa, já que isso [profissionais trans interpretando trans] nunca aconteceu.”

E, bem, como o negócio já tava polêmico mesmo, resolveram também conversar um pouco sobre James Gunn, Disney e essa novela toda. Pra quem não se lembra, Glenn foi a Nova Prime Irani Rael, líder da Tropa Nova, no primeirão Guardiões da Galáxia, láááá em 2014. Em julho, quando Gunn foi limado da direção da franquia por conta dos seus tweets antigos, ela falou ao TMZ que gostaria muito que as pessoas sempre pensassem sobre o que postam na internet e pontuou: “Tudo o que posso dizer é que me diverti trabalhando com ele”.

Nessa entrevista mais atual, falou que se sentiu muito triste pelo diretor e pela situação toda. “Me sinto mal em estar numa sociedade em que pessoas dizem nas redes sociais coisas que jamais diriam ao vivo. É muito perigoso.”, falou. “Se você diz algo na internet que não diria em pessoa, você deve pensar melhor no que anda falando.” Ela concluiu comentando novamente sobre o profissionalismo e personalidade em estúdio de James: “Era minha primeira vez em um filme como aquele. E senti que ele era um ótimo diretor e mantinha uma atmosfera muito agradável no set”.

O mais legal dessa conversa é perceber que Glenn não tá querendo ser ISENTONA. Ela mostra, na real, uma vontade grande de compreender o momento atual do entretenimento, sabe que o mundo ideal tá LONGE de se concretizar e que a discussão é o caminho pra gente conseguir uma indústria com mais equidade. E essa forma parece ser bem mais honesta do que querer CRAVAR uma opinião imutável toda hora. A mais honesta até agora, talvez.