Star Wars #1: Back to basics! | JUDAO.com.br

Gibi, lançado nesta quarta-feira nos EUA e nas interwebs, não só marca o retorno da franquia para a Marvel, como também traz a volta daquela Guerra nas Estrelas que todo mundo aprendeu a amar

Star Wars #1, que acaba de chegar às comic shops dos EUA com dezenas de capas variantes e a promessa de bater recordes de vendas, é bem representativo. Não, não é mais um gibi de Tauó, dentre tantos que tivemos desde os anos 70. É mais do que isso. Trata-se do início de uma nova fase, na qual Marvel Comics, LucasFilm e a Disney contam, juntas, a nova Guerra nas Estrelas. Uma fase bem diferente daquela que veio antes.

Se você conhece um pouquinho mais da franquia intergaláctica, indo além dos filmes, sabe que George Lucas sempre adorou licenciar os direitos para (quase) tudo e qualquer coisa. Afinal, ele foi um dos primeiros a ter essa visão e foi beneficiado por uma brecha no contrato com a Fox, que ele mesmo negociou, e dava a ele os ganhos desse tipo de produto. Assim, ainda em 1977 (ano de lançamento do primeiro filme... ou quarto, dependendo do ponto de vista), Star Wars estreou nos quadrinhos, justamente pela Marvel.

Star Wars #1

Junto com as HQs vieram as animações, os livros, RPGs... Surgia o “universo expandido”, dando oportunidade para que os fãs fossem além, literalmente “expandindo” a experiência. Mas, para George Lucas, na sua cadeira de dono da LucasFilm, isso tudo ainda era um negócio. Não havia um pensamento coeso. O que ele manjava era, no final das contas, do que ele queria contar nos filmes – ou nem tanto assim, se formos pensar nas alterações feitas a partir dos anos 90...

Vieram então aventuras épicas. A Dark Horse, que sucedeu a Casa das Ideias na publicação desses gibis, simplesmente tirou a tampa da panela de pressão e começou a brincar com Guerra nas Estrelas indo muito além do que já tinha sido visto na tela grande. Acompanhamos o passado dos Jedis, o destino das crias de Leia e Han Solo, uma nova República, uma nova Ordem Jedi, os bastidores da Rebelião, do Império e da antiga República, enfim...

Não foi algo que eles fizeram sozinhos, claro – nos livros isso também foi feito por gente como o escritor Timothy Zahn (da trilogia Trilogia Thrawn, que está sendo republicada no Brasil com pompa e circunstância pela Aleph). Mas foi uma mudança importante.

Só que Universo Expandido para o George Lucas nunca foi instrumental, uma grande preocupação. Quando a Disney chegou, comprou a LucasFilm em 2012 e anunciou o Episódio VII, bom, isso tudo realmente virou uma preocupação. Pra nós. E pelo lado negativo.

É que o Universo Expandido simplesmente conta o que acontece na época em que se passará a novíssima trilogia. Ou seguiam aquilo, com o ouro já entregue, ou simplesmente ignorariam tudo. Adivinha o que eles escolheram? Isso mesmo: ignorar o que foi feito antes nas outras mídias, considerando apenas os seis filmes e a série animada Star Wars: The Clone Wars – do mesmo jeito que, arrisco apostar, Lucas teria feito. O antigo UE ganhou o selo “Legends”, ficando lá, na dele, mas sem ser mais canônico.

Agora a LucasFilm tem, pros próximos filmes, uma folha em branco – que, claro, pode pegar emprestadas umas coisas que foram pensadas antes.

Star Wars #1 entra bem aí. Depois da passagem pela Dark Horse, a franquia volta para a casa original nos gibis, já que agora é tudo parte do mesmo grupo no qual existe um projeto mais coeso entre as diversas mídias.

Luke

Uma das atitudes da nova direção da LucasFilm foi criar uma divisão chamada LucasFilm Story Group, responsável por acompanhar e delinear tudo o que está acontecendo com Tauó em todas as plataformas. Essas novas histórias não são mais um “negócio”, uma “expansão”, é tudo parte de uma mesma história, que é contada no cinema, nas HQs, na TV, nos games... Tudo precisa se encaixar, fazer sentido. Tanto é que o gibi lançado nesta semana tem tanto peso quanto a animação Star Wars: Rebels, que estreou no ano passado e já está sob a nova diretriz.

(Não, não é uma atitude inédita. Ligar filmes e quadrinhos já havia sido feito com outras franquias no passado, inclusive com, veja só, Star Trek, principalmente na fase do J.J. Abrams – que é o diretor do Episódio VII. A diferença aqui é a dimensão que isso vai tomando nas mãos da Disney).

A Marvel resolveu abordar Star Wars de uma forma nostálgica. Nos anos 70 eles começaram a contar as aventuras de Luke, Han e Leia adaptando Uma Nova Esperança para os quadrinhos e, a partir daí, contaram as primeiras aventuras do trio entre os Rebeldes. Em 2015 eles voltam pra onde tudo começou, publicando uma história que se passa exatamente após os eventos do filme que iniciou com a porra toda. Luke ainda está descobrindo o que é essa tal de “Força”, a Estrela da Morte acabou de ser destruída e Darth Vader se sente conectado a esse jovem Jedi.

O enredo nos revela a primeira vez que Han Solo, antes só um zé-mané especial, mostra as caras publicamente como membro dos Rebeldes – não porque ele acha importante, mas simplesmente porque não consegue deixar de se interessar por aquela princesa ~irritante. O plano é, basicamente, se passar por um representante de Jabba que vai negociar com o Império para fornecer matéria-prima pra armamentos. Afinal, eles ficaram com estoques reduzidos após a destruição da Estrela da Morte.

Um plano fácil, ir lá, enganar, invadir, destruir uma fábrica... Só que ninguém contava com quem iria REPRESENTAR o Império nesse ~papinho.

FODEU!

FODEU!

Apesar do gibi se passar bem antes do Episódio VII, é bem claro que o roteiro escrito por Jason Aaron foi feito para fazer parte do todo, pra encaixar com os filmes antigos e deixar pontas pros novos. Afinal, um dos projetos da Disney é justamente fazer um filme com o jovem Han Solo. QUEM SABE a primeira semente já está aqui?

John Cassaday também manda bem na arte. Tudo tem aquele ~clima dos primeiros filmes, as expressões dos personagens estão de acordo com o que poderíamos esperar dos atores naquela época, enfim... Um ótimo trabalho dos dois quadrinistas, que revela também que o LucasFilm Story Group tá fazendo a lição de casa.

O resultado é um gibi simples, leve, divertido... É como se pudéssemos voltar ao primeiro Star Wars, às primeiras HQs feitas pela Marvel, ao tempo em que Guerra nas Estrelas era apenas um filme legal.

Tá aí, esse é um belo início para uma nova página em branco. ;)