DC comeu bola com o sucesso da Supergirl na TV | JUDAO.com.br

E, agora, tá correndo pra ter uma revista digital da personagem

Supergirl, a série de TV, está sendo um sucesso. Mesmo com o vazamento do piloto meses atrás, a estreia rendeu quase 13 milhões de telespectadores no canal aberto CBS – foi mais, por exemplo, do que The Voice estava conquistando no mesmo horário. Pra você ter uma ideia, Arrow – que é um puta sucesso do CW, um canal menor – conseguiu 2,67 milhões de espectadores neste começo de quarta temporada. É COISA PRA CARALHO.

O segundo episódio, exibido semana passada, continuou mandando bem, apesar da natural queda de audiência. Foram 8,87 milhões de telespectadores, mais que o DOBRO de Gotham, que tava passando na mesma hora na Fox (também uma emissora aberta nos EUA) e que teve audiência de 4,27 milhões. WOW.

Agora, sabe o que a DC Comics preparou nos gibis pra acompanhar esse lançamento? Nada. Zero. Porra nenhuma. JURO.

Jura que ninguém ANTECIPOU isso!?

Jura que ninguém ANTECIPOU isso!?

A prima mais famosa do Superman teve uma revista própria até recentemente – o último volume de Supergirl foi lançado em setembro de 2011, junto com o reboot, e o cancelamento veio em março deste ano, preparando terreno para o relançamento da editora, chamado DC You. Na época, a revista estava com uma tiragem de cerca de 25 mil exemplares – menos, por exemplo, que Aquaman e Quarteto Fantástico (que também foi cancelado pela Marvel pouco depois), mas mais que o Arqueiro Verde.

O fato é que essas vendas apenas medianas e o cancelamento são resultado do fato da própria DC não saber muito o que fazer com a personagem. Nessa versão pós-reboot, Kara Zol-El é meio REVOLTS, meio sem noção, uma kryptoniana que mal sabe que seu mundo explodiu e que depois vai lá pra Kandor viver aventuras. Depois até tentaram fazê-la voltar pra Terra, com uma vida mais ~normal e se envolvendo numa conspiração com o Superboy, mas não funcionou.

Identificação com os leitores (e, principalmente, as leitoras)? Pfff.

Essa é a última edição da Supergirl...

Essa é a última edição da Supergirl...

Enquanto isso, a mesma DC repensou a Batgirl. Teve o uniforme, claro, mas a reinvenção da heroína foi além de um novo visual que não marcasse o corpo: eles rejuvenesceram a Barbara Gordon, dando esse ar de novidade, essa identificação com a galera mais jovem, enredos mais AREJADOS e por aí vai. Tanto é que a personagem hoje vende por volta de 30 mil exemplares por edição. Sim, um pouco a mais que a Supergirl fazia antes de ser cancelada, mas, no geral, a DC como um todo vende menos agora do que vendia em março. Imagina então como seria se tivéssemos uma série de TV da Babs?

Também sem o apoio de uma outra mídia – mas com o apelo do nome ARANHA, que tem força assim como o SUPER – a Marvel está fazendo a Spider-Gwen bombar. Ela já vinha eventualmente alcançando vendas superiores a 100 mil exemplares, mas agora em outubro a primeira edição da revista da personagem foi nada menos que a terceira mais vendida, com quase 200 mil cópias. DUZENTAS MIL. É resultado de gente grande. Ou de Homem-Aranha.

Imagina o que a Supergirl poderia fazer, com quase 10 milhões de pessoas vendo-a toda semana na TV? E com um gibi seguindo a linha da Batgirl e da Spider-Gwen – ou seja, seguindo EXATAMENTE a mesma linha da série da CBS?

Eu ou você teríamos pensado nisso e feito uma grana, mas a DC não esperava esse sucesso. De acordo com o Bleeding Cool, essa audiência toda na televisão fez finalmente a editora perceber a oportunidade perdida e, nesse momento, estão correndo para preparar um novo gibi da Supergirl, dessa vez com lançamento primeiro no digital (como era, por exemplo, Batman 66). Ainda de acordo com o site, a revista será tocada por uma equipe “female-friendly”, mas vai saber EXATAMENTE o que isso quer dizer.

Enquanto isso, sabendo que essa galera que tá vendo na TV vai querer visitar uma comic shop pra comprar algo da personagem e não encontrará nada publicado atualmente, a DC mandou preparar um “pacotão” 16 encadernados da Supergirl.

É o que tem pra hoje.

Tudo isso enquanto a DC amarga uma derrota história pra Marvel nas vendas de outubro. Além da Casa das Ideias ter abocanhado quase 50% das revistas vendidas no mês, 18 das 20 mais vendidas são da editora – apenas Batman (em 11º) e Justice League (20º) representaram a Distinta Concorrência. É muito pouco.

Uma oportunidade perdida como essa serve para mostrar que a mudança da editora de Nova York pra Burbank, Califórnia, pode estar ajudando a galera de cinema e TV, mas não está tendo o mesmo impacto pra quem cuida das HQs. É preciso URGENTEMENTE retomar o contato com os leitores, entender tendência e antecipar oportunidades. A da Supergirl era muito clara, mais quais outras a editora deixou passar?

Editores da DC, aqui vai mais uma vez o aviso: liguem a luz laranja. Não vão esperar a hora da luz vermelha pra tomar alguma providência...